A recente decisão da Cooperativa Pernambucana dos Anestesistas (Coopanest) de ameaçar com o descredenciamento em massa os planos ligados à Associação Brasileira da Medicina de Grupo (Abramge) acabou levando a público a falta de controle do Movimento pela Dignidade Médica sobre esses especialistas. Isso porque a orientação do próprio Movimento, até agora, era de não atingir os filiados da Abramge. No final das contas, o impasse deverá atingir os 420 mil usuários das operadoras ligadas à Associação. São ligados à Abramge os planos Santa Clara, Admed, Medial, Master, Excelsior, Semepe e Norclínicas. Antes da ameaça da Coopanest, representantes do Movimento e a Abramge mostraram-se dispostos a buscar todas as formas de negociação que levassem à implantação da nova Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM). “Não foi nossa orientação. Mas a Coopanest tem autonomia para isso”, reconhece o vice-presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Mário Fernando Lins. Ele explica que os anestesistas foram os primeiros a aderir ao Movimento com a solicitação do descredenciamento às seguradoras de saúde. No entanto, o próprio Sindicato vem apostando em acordo a ser fechado no âmbito da Câmara Arbitral implantada pela legislação estadual que regulamenta a relação entre médicos e operadoras. “A correspondência enviada pela Coopanest não fala em negociação para a implantação da CBHPM. Apenas informa que, se em 60 dias, a nova tabela não for aplicada, teremos o descredenciamento”, ressalta o presidente da Abramge, Flávio Wanderley. Segundo ele, a entidade está estudando tomar algumas medidas, caso a ameaça seja levada adiante. Segundo Wanderley, o grande problema é que 99% dos anestesistas que atuam no mercado local são ligados à Coopanest. Para ele, esse tipo de situação pode caracterizar a formação de um cartel. Portanto, uma das medidas que a Abramge pode tomar se o descredenciamento acontecer é denunciar a Coopanest ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) “por desabastecimento”. A presidente da Coopanest, Maria Célia Costa, foi procurada para comentar o assunto, mas não retornou. Reembolso ainda não está integral, apesar de liminar Após uma semana da concessão da liminar, pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco – que obriga as seguradoras de saúde a reembolsarem integralmente os seus usuários que forem atendidos pelo sistema de reembolso –, a Sul América, um dos principais planos desse tipo de serviço, ainda não foi notificada. Com isso, os usuários ainda continuam submetidos às tabelas previstas nos contratos. A informação foi dada ontem pela Federação Nacional das Empresas de Seguro Privado (Fenaseg). Segundo a entidade, o Bradesco Saúde não informou se recebeu, ou não, a notificação do TJPE referente à liminar. Já a Sul América garantiu que, até agora, não recebeu qualquer informação oficial. A decisão de obrigar as seguradoras a pagarem o valor dos reembolsos integralmente foi dada atendendo a um pedido do Ministério Público de Pernambuco que alegou possíveis danos financeiros para os usuários por causa do Movimento pela Dignidade Médica. Por causa dessa mobilização da categoria, algumas especialidades vêm atendendo somente por reembolso desde o último mês de abril. Da Assessoria de Imprensa do Cremepe. Com Informações do Jornal do Commercio.
Anestesistas ameaçam planos
14/06/2004 | 03:00