A luta por mais verbas estaduais para o Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC) ganhou as ruas do Recife, ontem, numa passeata organizada pelo Diretório Central dos Estudantes da Universidade de Pernambuco. Alunos de Medicina, Enfermagem, Ciências Biológicas, Odontologia, Educação Física e da área técnica de Enfermagem deixaram mais cedo as salas de aula para defender o hospital-escola, que tem uma dívida de R$ 8 milhões e parte dos leitos vazia. A manifestação começou às 9h30, na porta do hospital, em Santo Amaro, e só acabou no início da tarde, depois que o secretário estadual de Saúde, Guilherme Robalinho, recebeu uma comissão formada pelo movimento estudantil, representantes dos funcionários do HUOC, conselhos profissionais e por deputados da Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa. Robalinho comprometeu-se a marcar, em 48 horas, uma reunião com a Secretaria Estadual da Fazenda, para que seja discutido o repasse de verba, do Estado, para pagamento de salário de trabalhadores contratados temporariamente pelo hospital, pessoal terceirizado e aquisição de vale-transporte, que hoje consomem R$ 400 mil mensais do SUS. Ele disse que está em andamento a licitação de uma cesta de medicamentos e insumos básicos para grandes emergências e que o HUOC deve ser beneficiado financeiramente com a nova certificação do Ministério da Saúde para hospitais-escola. Uma audiência pública será realizada na próxima quarta-feira, na Assembléia Legislativa, para debater as dificuldades do HUOC. “Com o compromisso do secretário de Saúde, suspendemos a passeata. Mas se os recursos necessários não chegarem ao hospital, em 20 dias voltaremos às ruas e, dessa vez, iremos até o Palácio do Governo”, avisou Giliatte Cardoso, do DCE da Universidade de Pernambuco. Durante a passeata, que percorreu as vias Arnóbio Marques, João de Barros, Fernandes Vieira e Praça Oswaldo Cruz, os alunos recolheram assinaturas de apoio ao movimento e distribuíram cartas e flores brancas com transeuntes, motoristas e moradores, pedindo desculpas pelo transtorno. Tiveram o apoio de muitos deles. “Eles não têm que pedir desculpas, têm mesmo é que ir para as ruas”, comentou Raquel Silva, residente na Rua Monte Castelo. Os estudantes vestiram batas brancas, usaram faixas pretas no braço e pintaram a cara para denunciar a “morte do HUOC”. Foram acompanhados por professores e servidores da UPE e representantes de sindicatos e conselhos profissionais da área de saúde. Manifesto contra lei do ato médico pára Agamenon Magalhães O Dia Nacional de Mobilização contra o Projeto de Lei do Ato Médico parou por uma hora, na manhã de ontem, o trânsito de veículos na Avenida Agamenon Magalhães, entre as Graças e o Derby. Representantes de 12 categorias profissionais da área de saúde fizeram uma manifestação para denunciar interesses corporativos dos médicos no projeto. Tatiana Cruz, do Conselho Regional de Serviço Social, uma das participantes do ato, explicou que o objetivo é barrar a aprovação do projeto, que tramita no Senado Federal. “O Senado volta hoje do recesso e queremos que o projeto seja rejeitado”, afirmou. Entre as críticas ao projeto está a reserva de cargos de chefias somente para médicos e da função, reservada exclusivamente a eles, para prescrição de tratamentos. O presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco, André Longo, rebate as críticas das outras categorias. “Está havendo um equívoco. O projeto já foi modificado. Determina apenas que as chefias médicas devem ficar com os médicos”, esclareceu. Participaram do protesto, ontem, os conselhos de biologia, biomedicina, educação física, enfermagem, farmácia, fisioterapia e terapia ocupacional, fonoaudiologia, nutrição, psicologia, serviço social e de técnicos em radiologia. A manifestação começou às 8h30. Após a caminhada, os manifestantes fizeram um grande círculo, fechando todas as pistas da avenida. Secretaria de Saúde faz pacto com chefes de plantão do HR Os quatro médicos chefes de plantão da Emergência do Hospital da Restauração, que pediram exoneração dos cargos na noite da última segunda-feira, vão permanecer coordenando o setor nos próximos 30 dias. Esse foi o resultado de um pacto feito com o secretário estadual de Saúde, Guilherme Robalinho. O secretário, a direção do HR, os médicos e o sindicato que os representa se reuniram na noite de terça-feira para negociar uma solução. “Espero convencê-los a permanecer nos cargos, mas eles têm o direito de sair”, disse na tarde de ontem Guilherme Robalinho. Ele compreende a angústia dos chefes de plantão com a superlotação da emergência. Mas explica que não terá condições de, a curto prazo, resolver o problema. “Após as eleições vamos discutir com os municípios a necessidade de eles oferecerem serviços de pronto-atendimento que evitem a procura por grandes hospitais estaduais”, informou. Por enquanto, iniciou um trabalho de orientação aos pacientes, no próprio HR, para que procurem policlínicas perto de casa, nos casos de queixas leves. Sobre o desejo de outros médicos pedirem demissão, ele lembrou aos que têm contrato temporário que o fato de estarem atuando na rede estadual contará como pontos no concurso a ser realizado ainda este ano. Os novos selecionados vão ganhar mais que o dobro do que recebem os profissionais em regime estatutário. Da Assessoria de Imprensa do Cremepe. Com informações do Jornal do Commercio.
Alunos saem em defesa do HUOC
16/09/2004 | 03:00