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No dia 15 de fevereiro de 2005, a alagoana Nise da Silveira completaria, se estivesse viva, seus 100 anos. Mas mesmo não estando entre nós, a passagem do seu centenário é uma grande oportunidade de mostrar o quanto viva e atual continuam as suas idéias e obra. Com este objetivo, estudiosos e sociedade reúnem-se para prestar homenagem à psiquiatra, contando sua história, discutindo a influência do pensamento analítico junguiano em sua obra, o pioneirismo na reflexão desinstitucionalizante, a correlação do modelo adotado em seu trabalho e as atuais propostas para a assistência psiquiátrica, além de realização de inúmeras atividades que visam tornar sua obra aplicável no universo assistencial brasileiro. Durante as comemorações, serão postos também os avanços tecnológicos, principalmente os farmacológicos, procurando integrar conceitualmente modelos convergentes na busca de uma assistência moderna e consistente para os usuários da assistência psiquiátrica. Em seu centenário, será tratado também, sobre a moderna legislação e temas de ética e bioética, compatibilizando ciência e regras instituídas. EM ALAGOAS Uma comissão criada pelo CREMAL para organizar o Centenário Nise da Silveira, em parceria com o Ministério da Saúde e Secretária Estadual da Saúde, realiza no dia de seu aniversário, a primeira de diversas atividades que acontecerão ao longo deste ano. A programação iniciará com um café da manhã para jornalistas, às 7h:30, no Maceió Mar Hotel, visando informar aos profissionais da imprensa a importância da obra da Nise e as atividades que acontecerão em toda a comemoração ao seu centenário. A partir das 19:00 haverá a solenidade oficial do Centenário da Nise da Silveira,no Teatro Marista, que contará com o lançamento do livro “Nise, abecedário de uma libertadora”, de autoria do médico Dídimo Kummer, e ainda com a apresentação do grupo de dança Tran-Chan, de Salvador, com o espetáculo “Aos loucos, brancos e augustos”. Todas as atividade da cerimônia terão entrada franca. A comemoração ao Centenário Nise da Silveira contará, ainda, com um seminário que será realizado em 26 a 28 de maio. O evento será dividido em uma conferência de abertura com o tema “Nise: vida e obra”; três mesas redondas intituladas “Arte e Loucura”, “Espaço institucional x Espaço Terapêutico”, e “Recursos Terapêuticos”, e ainda duas mini conferências com os temas “Memória e Afetividade na construção do espaço terapêutico” e “Jung e sua influência na obra de Nise da Silveira”. UM POUCO DE NISE Nise da Silveira foi a primeira alagoana a se formar em medicina, sendo também a pioneira na psiquiatria nacional. Compôs com Arthur Ramos e seu primo, e futuro marido, Mário Magalhães da Silveira um trio privilegiado de estudantes secundarista, que cursando medicina na Bahia contribuíram grandemente com a ciência e saúde pública brasileira. que visam perpetuar suas idéias, abrindo para debate os fundamentos de seu pensamento. Em 1933, ingressou, mediante concurso público, como psiquiatra na antiga Divisão Nacional de Saúde Mental. Ativista política, esteve presa, arbitrariamente, do início de 1936 até o final de 1937. Nesse período, dividiu cela com Olga Benário, ficando no Pavilhão contíguo ao de Graciliano Ramos: “Lamentei ver minha conterrânea fora do mundo, longe da profissão, do Hospital, dos seus queridos loucos”. Após sua libertação, Nise vaga pelo Brasil, sem endereço fixo, sem emprego, pois somente após oito anos foi readmitida no serviço público: “Aí começa outra etapa da minha vida. Uma bela etapa do meu trabalho”. Precursora do movimento da reforma psiquiátrica no país, Nise defendia a solidariedade, o afeto, o amor, o respeito à vida, à natureza e a igualdade entre os seres humanos, independente de ideologia, crença ou religião. Acreditava no exercício artístico como instrumento capaz de resgatar significativas imagens do inconsciente, peças fundamentais ao médico na análise sensorial / cognitiva do paciente. No legado desta brava guerreira que amava homens e animais, indistintamente, compreendia como ninguém a gênese e o paradoxo da loucura. Realizou uma obra que tem sua marca. Há um só trabalho: a vida e a obra, a obra e a vida. Das inúmeras homenagens a ela prestadas, destaca-se a de ser reconhecida como uma das 50 cientistas do Século XX, pela SBPC; reagiu com uma humildade típica: “Minha única contribuição foi a de provar que os animais são excelentes co-terapeutas”. Nise faleceu com 94 anos, em 30 de outubro de 1999, numa U.T.I. de hospital público, na cidade que a abrigou com muito carinho, o Rio de Janeiro. MUSEU DO INCONSCIENTE Inconformada com os métodos violentos de tratamento psiquiátricos como eletrochoque, o coma insulínico e a lobotomia, a psiquiatra Nise da Silveira encontra na Terapêutica Ocupacional uma forma de tratamento para o esquizofrênico. Em maio de 1946, funda o Serviço de Terapêutica Ocupacional no antigo Centro Psiquiátrico Nacional do Rio de Janeiro. Foi através das atividades expressivas como pintura, modelagem e xilogravura que surgiu em 1952 o Museu de Imagens do Inconsciente. Atualmente seu acervo contém cerca de 350 mil obras entre pinturas desenhos, modelagens, xilogravuras. Parte desta coleção está catalogada, e é no gênero, uma das maiores e mais diferenciadas coleções do mundo. Além do reconhecimento do valor artístico do acervo pelos artistas e experts em arte, o museu realizou ao longo de seus 54 anos de existência mais de 100 exposições no Brasil e no exterior, dando maior ênfase ao aspecto científico da coleção. Essas exposições sempre atraíram grande público, seja pelo fascínio das formas como também pela revelação do inconsciente. As imagens produzidas no ateliê levantavam questões, interrogações que não encontravam resposta na formação psiquiátrica acadêmica. Essas questões impulsionaram a Dra. Nise para a busca de conhecimento e aprofundamento dos processos que se desdobravam no interior daqueles indivíduos, revelados através das imagens e símbolos

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