CRM VIRTUAL

Conselho Federal de Medicina

Acesse agora

No dia 25 de abril, médicos de todo o país demonstram publicamente sua insatisfação com o comportamento antiético das empresas que atuam no setor de saúde suplementar. Há um número significativo de planos que se recusam a negociar com os médicos a reposição das perdas acumuladas nos honorários pagos e o fim de sua interferência na relação entre o profissional e seu paciente, o que tem resultado em glosas e não autorização de procedimentos prescritos e/ou solicitados.

Os médicos alegam que nos últimos 11 anos, os índices de inflação acumulados superaram os 119%. Por outro lado, os reajustes dos planos somaram 150%, enquanto os honorários médicos não atingiram reajustes de 50% no período (ver tabela anexa). Os números são ainda mais surpreendentes se comparados com o desempenho do mercado de planos de saúde.

Os analistas apontam uma tendência anual de crescimento superior a 10%, o que tem garantido faturamento alto às operadoras. Em 2011, a receita dessas empresas bateu a casa de R$ 81 bilhões, no entanto, sem suficiente contrapartida em termos de valorização do trabalho médico e na oferta de cobertura às demandas dos pacientes.

Confira os dados gerais sobre o setor

  • O Brasil tem 371 mil médicos em atividade, registrados no Conselho Federal de Medicina. 
  • Aproximadamente 170 mil médicos atuam na saúde suplementar, atendem usuários de planos e de seguros de saúde.
  • 47,6 milhões (24,9% da população) é o número de usuários de planos de assistência médica no Brasil. O dado é de dezembro de 2011.
  • 77% dos usuários de planos de assistência médica estão em planos coletivos (quase 37 milhões de pessoas). 20% têm plano individual ou familiar.
    • Por ano, os médicos realizam, por meio dos planos de saúde, em torno de 223 milhões de consultas e acompanham 4,8 milhões de internações.
    • Os médicos atendem, em média, em seus consultórios, oito planos ou seguros saúde.
    • Cada usuário de plano de saúde vai ao médico (consulta) em média 5 vezes por ano.
      • 80% das consultas, em um mês típico de consultório médico, são realizadas por meio de plano de saúde.  As consultas particulares representam, em média, 20% do trabalho médico em consultório.
      • Dos usuários de planos de assistência médica, 16,3% ainda permanecem em planos antigos (7,8 milhões), muitos deles com restrições de cobertura ainda piores do que as praticadas pelos planos novos (contratos após janeiro de 1999).
      • Entre dezembro de 2010 e dezembro de 2011, mais 1,9 milhão de brasileiros passaram a ter plano  de saúde – aumento de 4,2%.
      • O aumento da renda dos brasileiros e a situação positiva do mercado de trabalho, com baixas taxas de desemprego e crescimento de vínculos formais com carteira assinada, fizeram crescer a venda de planos de saúde, sobretudo os coletivos e empresariais, que somam 77% do mercado.

Dados sobre os reajustes praticados pelas operadoras

 

  • Os índices de inflação – de 2000 a 2011, medidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), utilizado pelo governo para medição das metas inflacionárias – acumularam 119,8% no período, o que não foi repassado aos honorários médicos.
  • De 2000 a 2011, os reajustes da ANS autorizados para os planos individuais acumularam 150,89%, sem repasse aos honorários médicos. A ANS autorizou em 2011 o maior aumento às operadoras desde 2007, ao fixar em 7,69% o índice de reajuste. Os planos coletivos podem ter reajustes anuais ainda maiores, pois é livre a negociação entre operadoras e empresas ou grupos contratantes.

 

Índices do IPCA x Índices da ANS

Ano

IPCA

Reajuste ANS

2000

6,92

5,42

2001

6,44

8,71

2002

7,75

7,69

2003

16,57

9,27

2004

5,89

11,75

2005

7,54

11,69

2006

5,32

8,89

2007

2,96

5,76

2008

4,73

5,48

2009

5,61

6,76

2010

5,17

6,73

2011

6,30

7,69

Acumulado 2000 a 2011

119,80

150,89


IPCA: referência a março de cada ano; 12 meses anteriores.

Dados sobre a saúde financeira das operadoras

 

  • A receita dos planos de saúde não para de crescer. Em 2011, as operadoras médico-hospitalares tiveram uma receita de R$ 81,3 bilhões, 11,1% a mais que em 2010.
  • O aquecimento do mercado de planos de saúde é confirmado pelo número de registros de operadoras. Pela primeira vez em dez anos, o número registros (12 empresas novas) foi maior que o número de cancelamentos (4), isso analisando o primeiro trimestre de 2011. Existem hoje 1.042 planos ativos com beneficiários, dos quais 70% são de pequeno porte, com até 20.000 pessoas.
  • O valor médio da mensalidade cobrada pelos planos de saúde em 2010 foi de R$ 127,00, uma variação de 9,1% em relação a 2009, quando os planos custavam, em média, R$ 116,37 per capita/mês.
  • A sinistralidade (razão entre a despesa assistencial e receita angariada com as mensalidades) é de 81,6%.

Dados sobre a interferência dos planos na autonomia dos médicos

  • O médico que trabalha com planos ou seguros de saúde atribui, em média, nota 5 para as operadoras, em escala de zero a dez. Ressalta-se que 5% dos médicos deram nota zero para os planos ou seguros saúde brasileiros e apenas 1% atribuiu notas 9 ou 10*.
  • 92% dos médicos brasileiros que atendem planos ou seguros saúde afirmam que sofreram pressão ou ocorreu interferência das operadoras na autonomia técnica do médico*.
  • Entre as interferências no trabalho médico, glosar procedimentos ou medidas terapêuticas e impor a redução de número de exames ou procedimentos são as práticas mais comuns das operadoras (veja quadro abaixo)*.

Principais interferências dos planos no trabalho médico

Reclamações

%

Glosar (rejeitar a prescrição ou cancelar pagamento) de procedimentos ou medidas terapêuticas

78

Limitar número de exames ou procedimentos

75

Restringir (limitar cobertura) doenças pré-existentes

70

Autorizar atos diagnósticos e terapêuticos somente mediante a designação de auditores

70

Interferir no tempo de internação de pacientes (determinar alta hospitalar  antes da hora)

55

Negar a prescrição de medicamentos de alto custo

49

Interferir no período de internação pré-operatório (não permitir, por exemplo, a internação na véspera da cirurgia)

48

Nenhuma

6

Base (número de médicos entrevistados)

2184

* Fonte: APM/Datafolha – Pesquisa Nacional

  • Mais da metade dos hospitais (54,9%) afirma que os planos de saúde determinam a transferência de pacientes para hospitais próprios das operadoras.
  • Mais da metade dos hospitais (51%) afirma que os planos de saúde demoram na liberação de guias de autorização para internação, cirurgia e exames, o que prejudica pacientes e médicos.
  • Dados da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (PROTESTE) apontam que, quanto maior o número de clientes de uma operadora de plano de saúde, maior o tempo médio para agendamento de consultas e procedimentos.
  • Segundo pesquisa da PROTESTE com 500 associados, sendo 30% clientes de planos individuais e 70% de coletivos, o consumidor leva, em média, 14 dias para agendar consulta e 6 dias para procedimento ambulatorial ou exame, nos individuais. Já nos demais, os períodos são de 16 e 9 dias, respectivamente.

 

Tempo médio para agendamento de consultas

Tempo máximo para agendamento de consultas

Tempo médio para agendamento de procedimentos ambulatoriais e exames

Clínica Geral

210 dias

Cardiologia

180 dias

9 dias

Endocrinologia

24 dias

Ginecologia

20 dias

9 dias

Dermatologia

17 dias

Ortopedia

11 dias

Urologia

9 dias

Rede própria

16 dias

9 dias

Rede credenciada

12 dias

6 dias

Fonte: Pesquisa da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (PROTESTE)

  • Pesquisa do CFM realizado pelo Datafolha, em abril de 2011, que ouviu 2.061 pessoas distribuídas em 145 municípios, mostrou que 80% das pessoas que têm planos de saúde utilizaram a rede credenciada nos últimos 12 meses.
  • Seis em cada dez usuários da saúde suplementar tiveram, no último ano, alguma experiência negativa com o atendimento oferecido pelos planos de saúde.
  • As reclamações mais comuns estão relacionadas com a demora no atendimento ou fila de espera no pronto-socorro, no laboratório ou na clínica (26%).
  • Percentual significativo dos entrevistados (21%) também relatou existirem poucas opções de médicos, hospitais e laboratórios (21%) disponíveis para o atendimento de suas necessidades.
  • Outros 14% contam que tiveram que buscar a assistência no Sistema Único de Saúde (SUS) por conta da negação de cobertura ou restrição de atendimento do plano de saúde contratado.
  • Com relação ao atendimento médico, a principal queixa dos entrevistados consiste na dificuldade de marcar consulta (19%) e no descredenciamento do profissional médico procurado (18%).
  • O excesso de burocracia foi outro ponto de reclamação dos usuários: 13% vivenciaram demora para autorização de exames ou liberação de guias, inclusive de internação, e 12% tiveram negativa de cobertura de procedimento ou exame.
Aviso de Privacidade
Nós usamos cookies para melhorar sua experiência de navegação no portal. Ao utilizar o Portal Médico, você concorda com a política de monitoramento de cookies. Para ter mais informações sobre como isso é feito, acesse Política de cookies. Se você concorda, clique em ACEITO.