Caros colegas, este é um assunto que vai mexer com as vidas de todos nós, médicos do Estado do Espírito Santo. Vejamos alguns dados importantes: O Brasil possui hoje mais de 100 faculdades de Medicina, que formam aproximadamente 11mil médicos por ano, sendo que algumas delas sequer possuem Hospital-Escola. O número de habitantes no Brasil, cresce anualmente em média 2%, enquanto que o número de médicos 4%, ou seja, o crescimento populacional é inferior ao de médicos, o que leva a uma saturação do mercado, gerando um aumento na quantidade de profissionais sem melhoria efetiva na oferta racional e na qualidade do atendimento prestado à população. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda 01 médico para 1000 habitantes. No Brasil existe hoje 01 médico para 700 habitantes e a urgente necessidade de redistribuição estimulada desses profissionais. No Espírito Santo há 02 faculdades de Medicina: a UFES, desde 1954 e a EMESCAM, desde 1968. Juntas, formam 200 profissionais por ano. O CRM-ES tem inscrição de cerca de 05 mil médicos em atividade, para atenderem a uma população de 3,5 milhões, o que também corresponde a 01 médico para 570 habitantes. Por outro lado, não dispomos de vagas suficientes em programas qualificados de Residência Médica ou programas próprios de Pós-Graduação. Portanto, é evidente, conforme dados estatísticos e recomendação da OMS, que não é necessário um aumento na quantidade de profissionais médicos no Espírito Santo e sim a reformulação do nosso atual sistema de ensino médio, assim como do nosso precário Sistema de Saúde. A abertura de Novas Escolas de Medicina em nosso Estado interessa única e exclusivamente aos grandes empresários e alguns políticos, que em seus longos e calorosos discursos, mascaram seu verdadeiro objetivo que é lucro fácil, criando verdadeiras “fábricas de diplomas”, desviando o rumo de uma discussão política voltada para os interesses dos médicos e da população que clama por um atendimento digno e de qualidade. Por isso, nós, profissionais médicos do Estado do Espírito Santo, as entidades médicas e os estudantes de Medicina, por meio de seus Diretórios Acadêmicos, precisamos unir nossas forças para levantarmos essa bandeira contra a criação indiscriminada de novas Escolas de Medicina. Pretendemos fazer parte de uma classe de profissionais altamente qualificados, que primam, acima de tudo, pela Ética Médica e pelo atendimento cada vez melhor à população, carente de apoio e consideração por parte dos que detêm o poder em suas mãos, porém não se esforçam em usá-lo a favor dela. Dr. Fernando R. Costa Diretor do CRM-ES