A magia do emagrecimento rápido “O homem é o mais indivisível dos seres vivos, quem não estudar neles a alma e o corpo simultaneamente, só obterá a seu respeito noções falsas ou superficiais.” Augusto Conte Nos países sérios que tratam a questão da saúde com prioridade, talvez este editorial não fizesse nenhum sentido. Provavelmente se alguns médicos radicados nestes países viessem a ler esta matéria, ficaria intrigado de como a questão a ser abordada não tem sido respeitada por médicos que, na maioria das vezes sem qualificação e conhecimento especializado se intitulam legítimos “mágicos”, induzindo pacientes com ou sem obesidade a ingerir verdadeiros “venenos” para curar seus males físicos e psicológicos. Prescrevem estes inconseqüentes “coquetéis”, contendo substâncias com efeitos totalmente maléficos ao organismo, levando a incontáveis efeitos colaterais, tais como taquicardia, hipertensão arterial, depressão e, podendo inclusive serem capazes de induzir a doenças mentais como, quadros psicóticos graves, sem contar as reações de idiossincrasia. A sociedade, por meio da mídia, impõe sua perfeição em termos do físico, induzindo as pessoas, às vezes com problemas neuróticos, a ter como modelo atrizes de plástica dita perfeita. Alguns médicos, por acharem esta atividade simples e de fácil acesso a clientela, utilizam a associação destas malditas formulações sem nenhum conhecimento científico. Temos assistido muitas complicações da associação de Benzodiazepínicos, Anorexígenos, T3, T4, Propanolol e outros prescritos médicos, levando, devido aos seus efeitos adversos a várias denúncias neste Conselho, feitas por pacientes e até médicos que atendem posteriormente às complicações causadas por esta maléfica associação. Há muito, o Conselho Federal de Medicina, o Ministério da Saúde, bem como a Sociedade de Endocrinologia com conhecimento de causa condenaram a associação destas substâncias ou outras formas ou fórmulas “milagrosas” para emagrecimento. Vimos por meio deste editorial alertar a população leiga e também aos médicos que a Resolução do Conselho Federal de Medicina “veda enfaticamente” a prescrição destas substâncias simultaneamente separadas ou não. Às vezes, o médico as prescreve em recipientes separados para tentar burlar a Portaria Ministerial n.º 344/98, artigo 47. Sabiamente o Conselho Federal de Medicina, em 11/07/97, já proibia a prescrição simultânea destes medicamentos para o tratamento de obesidade ou emagrecimento, recomendando que em casos absolutamente indicados com rígidos critérios técnicos-científicos que os médicos prescrevessem apenas anfetaminas como monodrogas após o insucesso de tratamentos cientificamente reconhecidos para obesidade (por exemplo, dietas científicas). Portanto, a prescrição de monodrogas deveria ocorrer apenas em alguns casos extremamente estudados, o que não ocorre em alguns casos denunciados neste Conselho. Alertamos à população e lembramos aos médicos que estão livremente utilizando tais associações ou prescrições simultâneas em desacordo com a Resolução do CFM n.º 1.477/97, que os mesmos estão agindo em desacordo com os artigos 2º, 29 e 45º do Código de Ética Médica, bem como a Portaria Ministerial, podendo ser responsabilizados Civil, Penal e Eticamente por não cumprirem dispositivos legais e, com certeza, estarem fazendo um grande mal físico e psicológico aos pacientes, esquecendo estes médicos da promessa, por meio de juramento, de serem honestos com seus pacientes, o que com certeza não estão sendo, e pior, lhes causando males por ganância e não ignorância. Não podemos nos calar frente a estas prescrições ilegais e imorais que, em muito, envergonham nossa classe. Classe esta extremamente e injustamente combatida pela mídia que, às vezes, até apóia a ação destes colegas. Também não pode o médico vender estas formulações em seu consultório, pois também infringe o Código de Ética Médica. “Virtudes Éticas: são aquelas que somente podem ser observadas na prática. São atitudes direcionadas a um determinado fim. Servem para a realização da ordem da vida e do estado e têm como origem os hábitos e os costumes. Exemplos: a justiça, a amizade, o valor e o respeito ao ser humano.”