Desde que os médicos despertaram para a necessidade de verem instituídos juridicamente os limites de sua atividade profissional (o que todas as outras profissões de saúde no Brasil já têm) fez-se buliçosa reação de diversas entidades de profissionais da área que, aparentemente, sentiram-se ameaçados, prejudicados. Pena que não se valessem apenas da verdade ao exercer o direito de dissentir (talvez por terem motivação real impublicável). Fizeram e fazem ao Projeto de Lei do Ato Médico críticas completamente inverídicas, a maioria delas, frontalmente desmentidas no próprio texto do projeto que criticam sem divulgar. Desde o início desta campanha anti-médica articulada e barulhenta, uma entidade de estudantes de Medicina colocou-se frontalmente contra o projeto. Não acrescentou nada. Nem um mísero argumento ou minúscula crítica com originalidade ou fundamento. Limitou-se a endossar as aleivosias vazias de prova inventadas pelos críticos anti-médicos de sempre: que os médicos queriam monopolizar a saúde, que desejam dominar as outras profissões , que eram reacionários, que estavam à serviço da indústria farmacêutica, que fixar os limites do ato médico representava um retrocesso na assistência… Muito curioso é que os dirigentes desta entidade estudantil médica, os mesmo que assacavam pabulagens em nome dos estudantes de Medicina, alegavam apoio inconteste de seus colegas àquelas fábulas. Fiel às suas origens, o CFM seguiu o modelo médico-hipocrático de intervenção na realidade fundamentado na tríade: exame, diagnóstico e terapêutica. Examinar para diagnosticar e diagnosticar para intervir. Pagou para ver o que havia de real atrás do discurso anti-médico daqueles dirigentes estudantis. E viu. Promoveu uma pesquisa para saber as opiniões e atitudes dos estudantes de Medicina com referência ao Projeto de Lei do Ato Médico. Constatou dois fatos importantes. Primeiro, que, por franca maioria, os estudantes de Medicina brasileiros apóiam o projeto. Segundo, viu o que muitos já supunham: que aquela entidade estudantil blefa. Ou melhor, é um blefe. Provavelmente, por constituir-se em aparelho político a serviço de interesses partidários equivocados e anti-médicos, E que, por isto, carecem de sua alegada representatividade . Aí estão os dados obtidos na pesquisa. Façam deles bom proveito. Luiz Salvador de Miranda Sá Júnior, psiquiatra, professor titular de Psiquiatria da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e da Universidade Católica Dom Bosco, 1º Secretário do Conselho Federal de Medicina e autor da Resolução CFM n° 1627/2001, que define o ato médico.
1º Secretário do CFM comenta os resultados da pesquisa feita entre os estudantes de medicina
17/03/2004 | 03:00