Na avaliação do 1º vice-presidente do CFM, Donizetti Giamberardino, as limitações orçamentárias desenham um enredo dramático para mais de 160 milhões de brasileiros que dependem do SUS. “As instalações que abrigam os serviços públicos convivem com problemas de infraestrutura, condições de higiene precárias e ausência de equipamentos básicos e para suporte em casos de intercorrências. Esse é um diagnóstico que tem sido constatado pela rede de Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) durante as milhares de fiscalizações que são realizadas todos os anos”, criticou.
Com base nos dados, o CFM identificou ainda que, dos recursos autorizados no orçamento do Ministério da Saúde, entre 2003 e 2019, quase R$ 144 bilhões deveriam ter sido destinados à melhoria da infraestrutura (realização de obras e aquisição de equipamentos) em saúde. No entanto, apenas R$ 66,6 bilhões foram pagos, enquanto outros R$ 78 bilhões deixaram de ser investidos.
Para o secretário-geral da ONG Contas Abertas, Gil Castello Branco, apesar de parecer contraditório, a recuperação da economia brasileira passa necessariamente pela retomada dos investimentos. “O governo federal, ao longo dos últimos anos, tem adotado uma política de reduzir, cada vez mais, investimentos em saúde e transferir essa responsabilidade para estados e municípios. Com isso, a população paga um preço altíssimo, porque, em um sistema que já é subfinanciado, nem aquilo que está orçado tem sido executado”, enfatizou.