“Nenhum equipamento ou nova tecnologia substitui a magia que se estabelece na relação entre médico e paciente. Na medicina, esse entendimento deve prevalecer. O respeito, a confiança, a empatia, a compaixão e a solidariedade que surgem nesse encontro não podem sucumbir ou serem substituídos por aparelhos”.
Dessa forma, os participantes do V Encontro Luso-Brasileiro de Bioética e II Encontro Ibero Americano de Bioética, ambos organizados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), encerraram a Carta de Brasília. No texto, aprovado por aclamação, médicos, profissionais da saúde, estudantes, mestres e estudiosos apontam suas preocupações e propostas de soluções para superar desafios frente ao avanço da tecnologia, em especial a chamada Inteligência Artificial (IA).
ACESSE A ÍNTEGRA DA CARTA DE BRASÍLIA
Os participantes consideram que esse tema deve ser alvo de profunda reflexão, em especial no campo da assistência em saúde. “Todos concordam que nunca a humanidade avançou tanto em tão pouco tempo. Da mesma forma, é consenso que o advento da inovação deve ser objeto de profunda reflexão, sob o risco de que na falta desta – com repercussões teóricas e práticas – contribua com o aprofundamento de cenários de desigualdade, injustiça social e fragilização dos laços que unem os seres humanos”, destaca o texto.
Dentre os pontos que devem ser implementados para garantir o uso adequado das novas tecnologias estão: a integração do estudo desse tema nos currículos acadêmicos, em todos os níveis de formação, para que desde os primeiros anos; o uso da tecnologia como forma de aperfeiçoamento da assistência, sem fragilizar os laços estabelecidos na relação médico-paciente; e o entendimento de que a telemedicina é auxiliar e não substituta da medicina, devendo seguir parâmetros éticos e bioéticos estabelecidos para preservar princípios como o sigilo das informações e a autonomia na tomada de decisões.
Finalmente, reiteramos que, nenhum equipamento ou nova tecnologia substitui a magia que se estabelece na relação entre médico e paciente. Na medicina, esse entendimento deve prevalecer. O respeito, a confiança, a empatia, a compaixão e a solidariedade que surgem nesse encontro não podem sucumbir ou serem substituídos por aparelhos.
“Antes de qualquer coisa, precisamos lembrar de nossa humanidade; de que somos humanos e de que todo o avanço científico somente tem sentido se for feito em nosso benefício”, lembra a Carta de Brasília, assinada pelos participantes do V Encontro Luso-Brasileiro de Bioética e II Encontro Ibero Americano de Bioética, bem como pelo CFM e os Conselhos Regionais de Medicina (CRMs).