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No final de junho, pacientes da Santa Casa de Misericórdia levaram um susto quando o corpo clínico da instituição decidiu paralisar suas atividades. Motivos não faltaram e as reivindicações foram vistas pelo Cremego como justas. A greve se estendeu por cerca de 20 dias, período em que o hospital deixou de atender uma média de mil pessoas diariamente. A decisão de suspender as atividades foi tomada por uma comissão de paralisação, depois da realização de uma assembléia com o corpo clínico do hospital. O que motivou o movimento foi a gravidade dos problemas encontrados nos serviços oferecidos pela Santa Casa e a retenção dos honorários, que não estavam sendo repassados aos médicos há 10 meses. Também o afastamento arbitrário de profissionais do corpo clínico (o que só pode ser feito por meio de assembléia com todos os médicos) preocupou os colegas. Outra problemática analisada pelo corpo clínico foi o fechamento da maternidade e das seções de obstetrícia e ginecologia, além da ameaça de suspensão das atividades da pediatria e clínica médica. Com base nas reivindicações apresentadas pelos médicos, o Cremego avaliou a greve como legítima, como publicou em nota oficial divulgada em 9 de julho, no jornal O Popular. “Tivemos a preocupação de avisar o Cremego em primeira instância”, revela Rômulo Sales de Andrade, diretor clínico da Santa Casa. “Tivemos o apoio tanto do Conselho quando das outras entidades médicas, como o Sindicato dos Médicos do Estado de Goiás e a Associação Médica de Goiás”, fala. Ele completa: “A atuação do Cremego no caso foi um exemplo de responsabilidade. Além de manter a imparcialidade, garantindo o direito de ambas as partes defenderem suas posições, foi fundamental para uma boa negociação.” GESTÃO CONJUNTA O impasse entre os profissionais da Santa Casa e a diretoria culminou com a nomeação de um novo corpo administrativo para a entidade, escolhido em conjunto pela Sociedade São Vicente de Paula, Universidade Católica de Goiás (por meio de sua mantenedora, Sociedade Goiana de Cultura) e Secretaria Municipal de Saúde (SMS). O antigo diretor-técnico Alexandre Roberti foi afastado do cargo. Em seu lugar, assumiu o médico Marcelo Netto do Carmo, indicado pela SMS. A UCG indicou o professor José Roldão para a Diretoria Administrativa e Financeira e a Sociedade São Vicente de Paula manteve o diretor-geral João Batista Rocha. Segundo o diretor-clínico da Santa Casa, a situação melhorou depois dessas mudanças. “Algumas partes das reivindicações foram atendidas com a mudança da gestão. Houve algumas melhorias, mas ainda estamos em fase de transição e, principalmente do aspecto financeiro, ainda não foi feito um cronograma para pagamento dos honorários atrasados”, informa. Ele também diz que o maior problema enfrentado no momento diz respeito às reservas feitas pela Sociedade São Vicente de Paula, que “ainda se vê como única mantenedora da Santa Casa”. Por outro lado, o setor de obstetrícia e a maternidade voltaram a funcionar e as seções de pediatria e clínica médica mantiveram suas atividades normais. Durante a greve, o hospital atendeu somente casos de emergência e apenas manteve serviços essenciais, como quimioterapia e hemodiálise. Outros casos foram encaminhados para os hospitais de Goiânia que atendem pelo SUS, o que provocou filas e superlotação. Com o retorno das atividades, muitas filas se formaram e houve uma sobrecarga no atendimento. “Pedimos para todos os médicos que aumentassem sua agenda, como forma de minimizar os danos e melhor atender aos pacientes. Hoje, a situação está praticamente normalizada, apesar das dificuldades na compra de medicamentos para atender à demanda”, revela Andrade.

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