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Conselho Federal de Medicina

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A ingestão de 400 microgramas ao dia pode reduzir em até 75% riscos de complicações para o feto. No entanto, há indícios de que a substância – de baixo custo – não é encontrada na formulação ideal nos postos de saúde e farmácias populares e nem tem sido acrescida em produtos industrializados, como prevê recomendação da Anvisa

altO Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou recomendação orientando as mulheres a usarem o ácido fólico antes da concepção e nos três primeiros meses da gravidez. A medida atende solicitação da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). A ingestão dessa vitamina pode reduzir em até 75% o risco de má formação no tubo neural do feto, o que previne casos de anencefalia, paralisia de membros inferiores, incontinência urinária e intestinal nos bebês, além de diferentes graus de retardo mental e de dificuldades de aprendizagem escolar.

Para estimular a ingestão da substância, o CFM – em parceria com a Febrasgo – enviará o alerta sobre a importância de consumir ácido fólico para todos os 400 mil médicos brasileiros. Espera-se também que a própria divulgação da recomendação pela imprensa estimule as pacientes a solicitarem a prescrição dessa vitamina.

“Além de se destinar às mulheres, para que usem o ácido fólico na indicação recomendada, a recomendação do CFM também se destina aos médicos, para que falem com suas pacientes sobre a necessidade do suplemento. O Conselho também solicitará aos órgãos públicos desenvolvam programas mais abrangentes de fortificações de alimentos e maior vigilância no seguimento desses programas”, ressaltou o conselheiro José Hiran Gallo, diretor do CFM e relator da recomendação.

Outra providência será pedir aos gestores do Sistema Único de Saúde (SUS) que disponibilizem a fórmula nos postos de saúde e nas farmácias populares. Desde 2006, a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) recomenda a dose de 0,4 a 0,8 mg/ dia (400 a 800 microgramas) e para fornecer esta dose ele prepara uma formulação com 0,2 md/ml (200 microgramas/ml).No entanto, de acordo com especialistas da Febrasgo, na maioria dos postos de saúde e de farmácias populares essa medicação orientada pela Rename não está disponível para as pacientes. Elas encontram outra composição com uma dose de 5 mg (5000 microgrmas), 10 vezes superior àquela recomendada.

O presidente da Comissão de Perinatologia da Febrasgo, Eduardo Fonseca, explica que a superdosagem pode levar a efeitos adversos. Há estudos que levantam a suspeita de o uso prolongado de ácido fólico em dosagens superiores às recomendadas pode estar associado ao câncer de mama. Outro problema é que esse consumo em excesso também pode comprometer o crescimento do feto, com o nascimento de bebês com peso abaixo do normal. Os consensos científicos consagrados até o momento determinam que há na segurança da dose de 400 microgramas ao dia.

A Febrasgo recomenda que as mulheres consumam uma suplementação de 400 microgramas de ácido fólico por dia um mês antes da gravidez e durante os três primeiros meses de gestação. O problema é que poucas mulheres usam o suplemento.  Além da falta do suplemento na rede pública, a desinformação também tem levado as mulheres a não fazerem uso do ácido fólico.

Levantamento feito por Eduardo Fonseca, que também é professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com 494 mulheres (entre usuárias de planos de saúde e do SUS) mostrou que 58% (286) delas engravidaram sem planejar e só 13,8% (68) receberam orientação e usaram ácido fólico no período. Outra constatação preocupante: somente 3,8% tomaram o suplemento na dose recomendada: 400 microgramas por dia.

“Os dados demonstram que as mulheres não conhecem os efeitos do ácido fólico. Quase 90% delas engravidaram sem utilizar a suplementação necessária. E não dá para dependermos apenas da alimentação”, diz o professor da UFPB. Mas não são apenas estes os problemas que médicos e pacientes enfrentam para que a prevenção pelo consumo do ácido fólico se materialize.

Em 2002, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou a adição de 4,2 mg de ferro e de 150 mg de ácido fólico para cada 100 g de farinha de trigo e de milho. No entanto, estudo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) comprovou que esse acréscimo não tem sido suficiente para evitar a má formação do tubo neural dos fetos. “Isso ocorre, na minha avaliação, porque a indústria não está fazendo a adição do suplemento na dosagem correta e o governo não está fiscalizando”, avalia Eduardo Fonseca.

O ácido fólico é uma vitamina do complexo B que atua no processo de multiplicação das células e na formação de proteínas estruturais da hemoglobina. Sua forma natural, o folato, pode ser encontrada em vegetais de folhas verde escuras, como couve, brócolis e espinafre, mas ele é mal absorvido pelo organismo. Por isso, a forma sintética (ácido fólico) é a alternativa mais eficaz e prática para a mulher.

O tubo neural é a estrutura que dará origem ao sistema nervoso central do bebê, incluindo cérebro e coluna. Sua formação ocorre entre o 17.º e o 30.º dia após a concepção. Atualmente, uma em 1.000 crianças nasce, no Brasil, com algum problema no tubo neural. Os mais comuns são espinha bífida (exposição dos nervos da medula espinhal) e anencefalia. O uso do ácido fólico ao menos 30 dias antes do início da gestação, continuando até o terceiro mês, reduz em cerca de 75% a ocorrência dos defeitos de fechamento do tubo neural (a região do embrião que vai dar origem ao sistema nervoso central).

 

Confira a íntegra do documento.

 

 

 

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