As dificuldades na formação e o trabalho das equipes da Estratégia de Saúde da Família e Comunidade estiveram em debate no Conselho Federal de Medicina (CFM), no I Encontro Internacional das Câmaras Técnicas e III Fórum de Medicina de Família e Comunidade do CFM. O evento foi aberto na manhã desta quarta-feira (3), com a presença do secretário geral do CFM, Henrique Batista e Silva; do secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Helvécio Magalhães; do presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, Nulvio Lermen Júnior; de Antonio José Francisco Pereira dos Santos, da Federação Nacional dos Médicos (Fenam) e do coordenador da Câmara Técnica do CFM, Celso Murad.
O Conselho avalia de forma positiva a estratégia da atenção à saúde nas comunidades para a qualidade da assistência. Celso Murad aponta os benefícios da atenção primária para os setores de maior complexidade: “com uma atenção básica prestada com qualidade, diminui-se a demanda por leitos hospitalares. É a forma mais barata, mais simples e mais eficiente de se diminuir a demanda na atenção terciária ou quaternária, de hospital e hospital especializado”, ressalta o coordenador.
Pela manhã, a presidente da Confederação Iberoamericana de Medicina de Família (CIMF), Maria Inêz Padula, apresentou um histórico sobre a especialidade no Brasil, destacou a importância do programa para a assistência à saúde e pontuou desafios: “Ainda que com todas as dificuldades de qualificação das equipes, os resultados são impressionantes, como a redução da mortalidade infantil, apontada em estudos”.
Após a conferência de Inez Padula sobre a Estratégia de Saúde da Família no Brasil, o diretor de Programa da Secretaria do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Felipe Proenco de Oliveira, falou sobre as perspectivas da residência médica em áreas prioritárias para o SUS nos próximos anos. O representante do governo apresentou um panorama sobre a distribuição de vagas dos programas de residência pelo país e chamou a atenção para a desigualdade na distribuição. Segundo Felipe Proenco, 60% das vagas na especialidade estão na Região Sudeste, 11,6% no Nordeste e apenas 1,9% no Norte. “Precisamos ampliar a Residência Médica em Medicina de Família e Comunidade. Os vazios na formação são cada vez mais alarmantes e preocupantes”, destaca.
Posse – Após a conferência, o representante da Câmara Técnica do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers), Airton Stein, apresentou conferência sobre a pesquisa como instrumento para o processo de tomada de decisões na gestão SUS. Ao final dos debates da manhã, os participantes do evento assistiram à cerimônia de posse da Câmara Técnica de Medicina de Família e Comunidade do CFM. O grupo foi reformulado para trazer novas contribuições e adequação às novas diretorias de entidades participantes. O conselheiro Celso Murad permanece à frente da Câmara Técnica.
No período da tarde, o encontro contou com participação de palestrante internacional. A representante da Sociedad Española de Medicina de Familia e Comunitária (SEMFYC), Veronica Casado, proferiu conferência sobre orientações a políticos e gestores profissionais de saúde quanto à organização e docência em Medicina de Família e Comunidade. Além dela, o coordenador de gestão da Atenção Básica do MS, Eduardo Alves Melo, ministrou palestra sobre as perspectivas da pasta quanto à valorização dos profissionais da Atenção Primária em Saúde.
O evento foi encerrado com debates entre os participantes e conferencistas sobre as análises apresentadas no encontro internacional e sobre valorização do profissional da atenção básica.