“O Brasil não conseguiu se decidir ainda sobre qual o sistema de saúde pretende adotar. Saúde é mercadoria? Acreditamos que é um dever do Estado e neste sentido conduzimos nossas lutas, tanto pela defesa de melhorias no Sistema Único de Saúde (SUS) quanto na saúde suplementar”, afirmou Renato Azevedo Júnior em seu discurso como presidente reeleito do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), em solenidade realizada no dia 24 de agosto, no Espaço Hakka, na capital paulista. Ele deu posse à 4ª diretoria – , que compõe a gestão 2008/2013 e estará à frente do Conselho durante o período de julho de 2012 a setembro de 2013 –, na presença do ministro da Saúde, Alexandre Padilha; do secretário adjunto da Saúde do Estado de São Paulo, José Manoel de Camargo Teixeira (representando o secretário de Estado da Saúde, Giovanni Guido Cerri); do secretário adjunto municipal da Saúde, José Maria da Costa Orlando (representando o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab), e o secretário municipal da Saúde, Januário Montone);do presidente do Conselho Federal de Medicina, Roberto d’Avila; do presidente da Associação Médica Mundial, José Luis Gomes do Amaral; ; e de demais representantes de entidades médicas nacionais e estaduais.
Azevedo fez um balanço das atividades realizadas nos 15 meses de sua gestão, ressaltando as manifestações dos médicos por melhores salários e condições de trabalho no SUS e na saúde suplementar, a campanha Eu Luto pela Saúde (de valorização da Medicina, autonomia e carreira de Estado aos médicos, além de mais qualidade na gestão do SUS e por mais recursos à Saúde), as posições políticas contrárias à abertura desenfreada de escolas médicas e à flexibilização na revalidação de diplomas médicos obtidos no exterior, entre outras. Ao analisar o período, ele afirmou que, apesar dos esforços do Cremesp, poucas coisas mudaram: o orçamento destinado à saúde continua insuficiente (menos de 4% do PIB), baixa remuneração para os médicos por parte dos planos de saúde e péssimas condições de trabalho e ausência de plano de Carreira no Estado. “O principal problema, na visão do governo, já não é mais o subfinanciamento da Saúde, mas uma suposta falta de médicos no país. Para quem até pouco tempo dizia que era possível fazer Medicina sem médico, é um avanço”, criticou Azevedo. Ele pediu que Padilha aceitasse e levasse o pleito dos médicos – para que 10% da receita bruta da União seja destinada à Saúde – à presidente da República, Dilma Rousseff, e que ela receba os médicos em audiência sobre o tema.
Já como ações desta nova gestão, destacou o ato de protesto, a ser realizado em São Paulo e Brasília, pela aprovação da Emenda 29. Ele explicou que o Cremesp foi quase forçado a criar a obrigatoriedade de participação em exame para obtenção do registro profissional como tentativa de barrar a abertura de novas escolas e proteger a qualidade do ensino médico.
Novos desafios – “Toda continuidade traz uma responsabilidade maior e o Cremesp enfrentará desafios maiores nos próximos 15 meses porque o momento é de ameaças. Nossos adversários, que não estão dentro do movimento médico, maqueiam dados estatísticos e são contrários aos interesses da sociedade. Há uma tentativa, no Congresso Nacional, de criar uma entidade reguladora dos conselhos de profissionais da Saúde porque os CRMs incomodam, não querem receber formados no exterior. São tempos de guerra, mas vamos à luta!”, incentivou d’Avila.
O ministro Padilha destacou que São Paulo tem papel decisivo, não só em termos de valorização dos médicos e da Saúde como pelas características de qualidade e competência em influenciar a saúde com sua capacidade política de representação, inclusive no diálogo com os planos de saúde. “Não há valorização da saúde da população se não houver valorização dos médicos, assim como não existem médicos e gestores valorizados sem esforços contínuos para a qualidade da Saúde. Não podemos adotar medidas simplistas porque o problema da Saúde no país não é só gestão ou financiamento. Há outros desafios como a qualidade de atendimento no SUS e a desconcentração de médicos em todo o país”, disse. Ele se declarou favorável ao Exame do Cremesp, não só no final, mas ao longo do curso de Medicina. Defendeu a abertura de novas escolas médicas, mas também o fechamento daquelas que não demonstrarem qualidade de ensino.
A cerimônia contou com a participação de Florentino de Araújo Cardoso Filho, presidente da Associação Médica Brasileira; Florisval Meinão, presidente da Associação Paulista de Medicina; Casemiro dos Reis Júnior, presidente da Federação dos Médicos do Estado de São Paulo (e representante do presidente da Federação Nacional dos Médicos, Geraldo Ferreira Filho); Affonso Renato Meira, presidente da Academia de Medicina de São Paulo; e Cid Célio Jayme Carvalhaes, presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo, entre vereadores, deputados, secretários de Saúde, diretores de Conselhos Regionais de Medicina, delegados regionais do Cremesp e outras autoridades.
O rodízio de cargos de direção está previsto no regimento interno e, a cada 15 meses, os 40 conselheiros do Cremesp elegem seus novos componentes. Dos 13 membros que compõem a diretoria atual do Cremesp, nove foram reeleitos para o mesmo cargo. O presidente reeleito faz parte da diretoria do Cremesp desde 2003, tendo exercido também os cargos de vice-presidente, 1º secretário e 2º secretário em mandatos anteriores. Clínico e cardiologista formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Renato Azevedo também foi diretor do hospital municipal Dr. Arthur Ribeiro de Saboya (Jabaquara) e presidente da Associação Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.
4 ª diretoria da gestão 2008/2013 do Cremesp
Renato Azevedo Júnior – Presidente
Mauro Gomes Aranha de Lima – Vice-presidente
Bráulio Luna Filho – 1º Secretário
Nacime Salomão Mansur – 2º Secretário
Sílvia Helena Rondina Mateus – 1ª Tesoureira
Marco Tadeu Moreira de Moraes – 2º Tesoureiro
João Ladislau Rosa – Coordenador do Departamento de Comunicação
Henrique Carlos Gonçalves – Coordenador do Departamento Jurídico
Krikor Boyaciyan – Corregedor
Rodrigo Durante Soares – Vice-corregedor
Ruy Yukimatsu Tanigawa – Coordenador do Departamento de Fiscalização
Denise Barbosa – Coordenadora das Delegacias do Interior
Rui Telles Pereira – Coordenador das Delegacias da Capital
Veja as fotos dos membros desta Gestão (2008-2013) e dos novos diretores, AQUI.
Fonte: Cremesp