Morte de pacientes e atendimento precário nos hospitais denunciam caos do SUS

Os problemas nos hospitais do Estado continuam, mesmo após denúncias em rede nacional. O Cremero reclama da ausência de estrutura e da qualidade da gestão 

Nos primeiros dias de sua gestão, o atual governador de Rondônia, o médico Confúcio Moura, denunciou a situação, que ele mesmo chamou de calamitosa, da Saúde Pública no Estado. Dando ênfase ao João Paulo II, o único hospital pronto socorro do Estado,  que atende pacientes de todos os municípios, o governador decretou estado de calamidade pública. 

A denúncia foi levada a imprensa nacional, virou tema de matéria especial do Jornal Nacional, da Rede Globo, e teve repercussão,  inclusive no exterior. A imagem de pessoas deitadas no chão, à espera de consulta, e de pacientes sendo medicados pelos corredores, uns sobre os outros, revelou o caos em que se encontra o Sistema Único de Saúde (SUS), em Rondônia. 

Reconhecimento de mazelas – A expectativa criada era de que o novo governo, ao reconhecer as mazelas na Saúde do Estado, promoveria melhorias no setor. Contudo, seis meses depois, o que ainda se vê na imprensa local são denúncias de descaso, por parte do Executivo Estadual, sofrimento, por parte dos pacientes, e descontentamento, por parte dos médicos.

Em 9 de junho, o presidente do Sindicato Médico de Rondônia (Simero), Rodrigo Almeida de Souza, divulgou nota denunciando uma série de problemas relacionados à Saúde e ao SUS. Uma das denúncias dizia respeito a contratações de médicos de fora do Estado que, segundo ele, estariam sendo contratados a peso de ouro, “enquanto nossos médicos daqui recebem menos que o motorista do vice-governador”. 

Rodrigo Almeida salientou que, após a denúncia feita pelo governador no início do seu mandato, sobre os graves problemas que ocorriam nas unidades de saúde em Porto Velho, foram feitas algumas melhorias, mas, segundo ele, quase todas paliativas. 

“No João Paulo II, por exemplo, foco da denúncia feita por Confúcio, foram compradas macas e pacientes que aguardavam cirurgias tiveram que aguardar nas suas respectivas casas, como forma de diminuir a superlotação na unidade. Não se resolveu nada: pacientes continuam inchando os corredores, aguardando atendimento. O caso é tão sério que alguns pacientes aguardam, entre a vida e a morte, uma vaga em UTIs (Unidade de Terapia Intensiva). Pior, faltam remédios e fios para cirurgias”,  afirmou.

Sem ortopedistas – No mesmo dia em que a nota do Simero foi divulgada na imprensa, o governo estadual inaugurou 10 leitos na UTI do Hospital de Base Ary Pinheiro, maior hospital do Estado em funcionamento, onde mais de 600 pacientes aguardam cirurgias. “Muitas dessas cirurgias são ortopédicas, mas nesses cinco meses de novo governo, o Estado não contratou nenhum médico especialista na área. Ainda pior, as cirurgias são suspensas porque constantemente faltam medicamentos e equipamentos”, alerta o presidente do Simero. 

Durante a inauguração dos novos leitos, o governador Confúcio Moura anunciou uma série de mudanças no atendimento em unidades médicas e voltou a falar da precariedade da Saúde pública. O hospital de Base, segundo a assessoria do Governo, tinha apenas 14 leitos, numa defasagem estimada em 90. A falta de leitos, ainda de acordo com a assessoria, era o principal entrave para a realização de cirurgias eletivas. 

Dentre as medidas anunciadas pelo governador, está a parceria entre o Hospital de Base e o Hospital do Câncer de Barretos, que permitirá, segundo ele, a ampliação de exames de tomografia e radiologia. Em cerca de 90 dias (a partir da data desta entrevista, 9 de junho) será inaugurado, anexo ao Hospital de Base, um hospital infantil, com 70 leitos e 10 UTI’s neonatal, que deve substituir o Hospital Infantil Cosme Damião, único hospital público com atendimento pediátrico, na capital do estado, onde, em uma semana, morreram três crianças. Os motivos das mortes ainda são investigados. 

Cremero avalia – Já a presidente do Conselho Regional de Medicina de Rondônia (Cremero), médica Maria do Carmo Wanssa, atribui os problemas do SUS a estrutura do próprio programa e a falta de gestão dos administradores. Responsável pela autarquia que mais denúncia os problemas da Saúde, Maria do Carmo disse que o caos na Saúde do Estado está longe de ser resolvido. 

“O hospital pronto socorro João Paulo II, por exemplo, tem uma das maiores e melhores estruturas da região norte do país, mas, como atende pacientes de todo o Estado ou até mais, vive superlotado. Os municípios têm que fazer seu papel. Há pacientes que poderiam ser tratados nos pronto-atendimentos municipais, mas a demora no atendimento é tanta que o estado de saúde do paciente se complica e ele acaba tendo de ser levado ao pronto socorro, e lá ele é atendido”, assevera. 

Outra saída para desafogar o JoãoPaulo II, segundo Maria do Carmo, seria a efetivação do Hospital Regional de Cacoal, no interior do Estado, que, segundo ela, tem uma grande estrutura, mas carece de material e pessoal. 

Ação fiscalizadora – Em fiscalização realizada no final do ano passado, no interior do Estado, a diretoria do Cremero descobriu que, devido à falta de médicos e a demora no atendimento em alguns municípios, muitos brasileiros procuram socorro médico em território boliviano. Relatórios sobre a situação foram encaminhados a Secretaria de Saúde do Estado, ao Ministério Público estadual, ao Conselho Federal de Medicina, à OAB/RO e a outras entidades que fiscalizam o setor. 

Em recente entrevista, o diretor tesoureiro do CFM, o médico rondoniense José Hiran Gallo, teceu críticas a administração do Estado e citou a Saúde do Acre como um modelo a ser seguido. “O que falta é vontade política para que a população tenha um atendimento de qualidade”, destacou. 

Buscando traçar um panorama da Saúde Pública no Estado, o Conselho Estadual de Saúde, realizou uma série de conferências nos 52 municípios de Rondônia. O Conselho, que defende a correta aplicação do dinheiro público no setor, rejeitou o relatório de gestão da Secretaria de Saúde do Estado, em 2010. Segundo o presidente do conselho, Raimundo Nonato, o Plano Plurianual (PPA) da Saúde de Rondônia só será aprovado pelo Conselho quando for inseridas as propostas do governo e as demandas colhidas da sociedade.

 

Fonte: Assessoria de Imprensa Cremero

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