Filas de espera por atendimento chegam a quase dois anos
Pacientes aguardam resposta para problemas sérios de saúde, mas se deparam com dificuldades em assegurar os procedimentos necessários para garantir a cura
 
Uma cirurgia aguardada há um ano e oito meses. Essa é a situação vivenciada pela família da dona de casa Keila Cruz, 34, cujo filho, Jairo, de 10 anos, aguarda em uma longa lista de espera no Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis. A criança sofre com uma infecção grave no ouvido que já alcançou o osso da face.
 
“A médica disse que ele precisa ser operado com urgência, pois serão necessárias várias intervenções, com a raspagem do osso, para controlar a infecção, já que os antibióticos não produzem mais efeito”, explica a mãe que se divide entre a angústia da espera e a decepção com o SUS. “Apesar de a médica ter feito um encaminhamento deixando clara a urgência do procedimento, estamos aguardando a quase dois anos”, completa.
 
Desespero – Há três meses, última vez que ligou para saber sobre a posição do filho na lista de espera, Keila foi informada que na ocasião estavam sendo chamadas as crianças cadastradas em 2006. “É desesperador, pois sei que o quadro do meu filho agrava-se a cada dia”, desabafa.
 
E esse não é o único procedimento cirúrgico que o menino espera. Há oito anos, após consulta em um posto de saúde de Florianópolis, Jairo foi encaminhado para realização de uma cirurgia de fimose. Incluído em uma lista de espera, aguarda há quase uma década pelo procedimento. “Há uns oito meses recebemos um telefonema para confirmar se ele ainda está na lista. E esse foi o único retorno que obtivemos nesses oito anos. É um absurdo”, indigna-se a mãe.
 
Realidade comum – O problema vivenciado pela família Cruz, entretanto, não é exceção no Estado onde o SUS é insuficiente para atender a população, nos diversos segmentos que deveria dar assistência. Além da capacidade para suprir a demanda por cirurgias eletivas, dificuldade para conseguir vagas para internação, emergências lotadas, longos períodos de espera para atendimento, são outros agravantes. Ou seja, a realidade da saúde pública em Santa Catarina se assemelha a constatada Brasil afora: faltam leitos, profissionais credenciados, unidades de atendimento ambulatorial e emergencial.
 
De acordo com dados fornecidos pela Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina, há três regiões críticas: Planalto Norte, Planalto Serrano e Meio-Oeste, nelas não são oferecidos serviços de média e alta complexidade.
 
A falta de hospitais de referência em diversas cidades catarinenses também faz com que os hospitais próximos aos grandes centros sofram com a alta demanda. Para se ter uma idéia, Santa Catarina possui 293 municípios, num total de cerca de 6, 1 milhões de habitantes (IBGE/2010), já o número de hospitais credenciados ao SUS é de 198 unidades.
 
Dados de atendimento – Só no maior hospital público do Estado, o Hospital Regional Dr. Homero de Miranda Gomes, localizado no município de São José (vizinho a Florianópolis), onde a população é de 203,3 mil habitantes (IBGE/2010), foram registrados durante o mês de abril/2011: 1.190 Internações; 5.688 atendimentos ambulatoriais; 16.163, atendimentos emergências; 206 partos normais; e 107 partos cesarianas. Mas, no Regional, como é popularmente conhecido, o número de leitos ativos soma apenas 317. Resultado: filas e dependências lotadas compõem o cenário diário do local.
 
Outro problema enfrentado pelos catarinenses que necessitam de atendimento especializado é a falta de profissionais credenciados ao SUS, em áreas como anestesista; neonatologista; pediatria (sobretudo no interior); e medicina intensiva (UTI adulto), conforme informações fornecidas pela Secretaria de Estado da Saúde.
 
Soluções alternativas – E quando o atendimento não é suficiente, resta ao cidadão, procurar alternativas. Isso foi o que fez o estudante universitário Michael Grimm, 21. Após várias idas ao Hospital em seu município, Navegantes, sem ter diagnosticada sua enfermidade, foi levado pela família à Florianópolis, já com quadro agravado de febre e insuficiência renal.
 
Sem conseguir atendimento urgente na emergência do Hospital Universitário (foi informado que a espera poderia levar até nove horas, tempo do qual não dispunha) o pai do estudante decidiu levá-lo a um hospital particular. Após exames preliminares, imediatamente foi levantado a suspeita de leptospirose, diagnóstico que se confirmaria pouco depois.
 
“Minha sorte é que meu pai pode fazer um esforço e pagar pelo atendimento, pois meu rim já estava com sua capacidade comprometida. Se não tivesse sido atendido naquele dia, as consequências poderiam ter sido muito graves”, conta o estudante.
 
 
Governo apresenta sua visão do problema
 
A dura realidade do SUS em Santa Catarina encontra ares menos hostis na análise que o próprio governo estadual faz sobre os serviços prestados, apontando algumas iniciativas que vêm sendo colocadas em prática nos primeiros meses do atual mandato.
 
Durante o 14º Fórum das Entidades Médicas de Santa Catarina (Femesc), realizado nos dias 3 e 4 de junho, em Balneário Camboriú, o Secretário de Estado da Saúde, Dalmo Claro de Oliveira fez a conferência de abertura do evento, onde apresentou um panorama da saúde em Santa Catarina.
 
Há cinco meses a frente da Pasta, o Secretário levantou pontos estratégicos de como se encontra o Estado hoje quando o assunto é saúde. De maneira objetiva, Dalmo que também é médico, iniciou sua exposição falando do Sistema Único de Saúde (SUS) e da atuação dos gestores no SUS, tanto na esfera, municipal, estadual e federal.
 
Ele destacou que Santa Catarina é o único estado brasileiro com 100% dos municípios cobertos pelo programa Equipes de Saúde Familiar.  A região que atinge a maior porcentagem é o Oeste do Estado com 100% de cobertura, seguida pelo Sul com 85%, grande Florianópolis, 80%, Vale do Itajaí com 77%; o menor índice ficou com a região Norte, com 45% de cobertura. Em relação à assistência a saúde bucal o Estado tem uma cobertura de 42%.
 
O Secretário também apresentou o número de hospitais próprios do Estado, suas receitas e despesas, que no ano passado chegaram a 532 milhões. Outro ponto abordado foi a atuação do Samu, que desde 2006, prestou cerca de um milhão e duzentos atendimentos. “É o primeiro do País a ter abrangência estadual, e o primeiro integrado a Policia Militar e Corpo de Bombeiros”.
 
Ao apresentar o orçamento do Estado para a saúde em 2011, que gira em torno de um bilhão e duzentos milhões do Estado, mais o repasse do Governo Federal que é de aproximadamente 725 bilhões, Dalmo destacou a dificuldade de fazer a gestão do recurso pelo baixo valor de repasses do SUS e que gostaria que o repasse fosse maior para poder desenvolver os serviços de média complexidade.
 
Segundo o secretário, os desafios da gestão são muitos, vão desde a situação dos hospitais próprios do Estado, as dificuldades da assistência farmacêutica e do estudo de idéias para que se tenha uma gestão terceirizada do Samu.
 
“Outro grande desafio e talvez o maior é a atenção básica, com prioridade para o aumento da cobertura da saúde da família, principalmente em Joinville e Região (Norte de Santa Catarina) que apresenta os índices mais baixos do Estado. Um maior acesso a média complexidade, através de consultas com especialistas, exames especializados e cirurgias eletivas”. Ele informou que a idéia é recorrer aos mutirões para melhorar a situação.
 
“Temos evoluído muito quando se fala em saúde, mas temos ainda muito a evoluir, para que possamos ter um sistema de saúde mais abrangente com maior qualidade e o mais justo possível”, finalizou.
 
 
Fonte: Assessoria de Imprensa do CRM-SC
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