Médicos que atuam em medicina paliativa debatem, em evento do Conselho Federal de Medicina (CFM), pontos cruciais dessa área. As discussões aconteceram durante o II Webinar de Medicina Paliativa do CFM, cuja programação colocou ênfase na apresentação de estudos científicos que analisam a qualidade de vida em qualquer fase da doença. No mesmo dia do evento (22 de maio), foi publicada a portaria do Ministério da Saúde que cria a Política Nacional de Cuidados Paliativos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
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https://www.youtube.com/watch?v=hQHVWQmcMjM
“Todos estão animados com a Portaria 3.881/2024. Com ela, temos a promessa de estabelecimento de fluxos que assegurem aos brasileiros ações e serviços de saúde que possam oferecer alívio da dor, do sofrimento e de outros sintomas em pessoas que enfrentam doenças ou outras condições de saúde que ameaçam ou limitam a continuidade da vida. Vejo essa publicação como uma importante sinalização para os defensores dessa assistência especializada”, comentou o presidente do CFM, José Hiran Gallo.
Tecnologia – Para ele, se a medicina e a ciência avançam rapidamente, com o apoio da tecnologia, não se pode esquecer que tudo deve acontecer em função do ser humano. Com esse mote, a Câmara Técnica de Medicina Paliativa, sob coordenação da conselheira federal Maíra Dantas, organizou o Webinar que avaliou a necessidade de criação da especialidade.
“Estou certa de que a assistência em saúde digna no Brasil perpassa pelo melhor suporte terapêutico para alívio do sofrimento, independentemente de perspectivas terapêuticas curativas. Conheço a seriedade da Medicina brasileira e a solidariedade primeva que habita nossos corações quando da proposta de servir. Este webinar foi pensado para trazer luz aos melhores conhecimentos existentes na medicina paliativa, para benefício dos pacientes, das famílias, dos profissionais de saúde e de toda a sociedade”, afirmou Maíra Dantas (BA).
Por sua vez, o conselheiro federal Carlos Magno Pretti Dalapicola, 2º tesoureiro do CFM e representante do Espírito Santo, lembra: “Não podemos confundir medicina paliativa com medicina terminal. Os cuidados paliativos vão além, garantem qualidade de vida em todas as fases do tratamento”. Nesse sentido, o Webinar construiu um panorama sobre a medicina paliativa no Brasil e no mundo, tratando de questões técnicas e, sempre, com foco no bem-estar do paciente.
Debates – Dentro de um panorama mais amplo, Rachel Duarte Moritz, membro da CT de Medicina Paliativa, fomentou a discussão falando sobre algumas competências essenciais a serem desenvolvidas pelo paliativista. Em destaque: saber trabalhar em equipe, participar da tomada de decisão e do gerenciamento de conflitos entre equipe, paciente e família; entender o papel da equipe multiprofissional; conhecer aspectos éticos e legais; reconhecer o sofrimento psicossocial e os aspectos espirituais do paciente e da família.
Já médico Douglas Crispim, membro da Câmara Técnica de Medicina Paliativa e presidente da instituição internacional The Worldwide Hospice Palliative Care Alliance, focou na importância de uma abordagem inicial não especializada em cuidados paliativos, destacando a necessidade de uma base sólida de profissionais competentes para avaliação prognóstica, comunicação eficaz, controle de sintomas e cuidados paliativos.
Para o painelista Rodrigo Kappel Castilho, presidente da Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP), a urgência da medicina paliativa não é sobre a importância da especialidade, mas sim a necessidade urgente de sua condição única. “Infelizmente, estamos em antepenúltimo lugar em qualidade de fim de vida. Se estamos nessa posição no fim de vida, imagina na prevenção e controle do sofrimento relacionado à saúde”. Todas as palestras da programação foram gravadas e permanecem disponíveis para os médicos brasileiros no canal do CFM no YouTube.