Uma participação emocionante marcou os últimos momentos do I Fórum da Câmara Técnica de Oftalmologia, organizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), nesta quarta-feira (8/5). Ciente da importância do espaço para sensibilizar os médicos e gestores para o tema da prevenção da cegueira na primeira infância, mote do encontro, o apresentador de televisão Tiago Leifert participou de uma das sessões de debates quando compartilhou sua história pessoal.
Ele e a jornalista Daiana Garbin, são pais de Lua, uma menina (atualmente com três anos), que teve diagnóstico de retinoblastoma. Ela segue com acompanhamento médico. A doença é um tumor que se desenvolve na retina, uma parte interna do olho. Se diagnosticado rapidamente e tratado em centros especializados, pode alcançar índices de 90% de cura. Porém, o prognóstico não é tão bom se a doença estiver disseminada além do olho. O diagnóstico precoce do retinoblastoma, além de aumentar as chances de cura, pode preservar a visão e o olho da criança.
Cegueira infantil – A partir dessa experiência, a família abraçou a prevenção à cegueira infantil como uma causa e lançou a campanha “De olho nos olhinhos”, que recebe apoio do CFM desde 2023. “A ideia de tornar a questão [do retinoblastoma da nossa filha] pública foi para proteger outras crianças, para que elas tenham um diagnóstico o mais precoce possível”, disse o apresentador.
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Segundo ele, o atraso no diagnóstico da filha, mesmo após a percepção de sinais da doença em consulta pediátrica, demonstra a necessidade de treinamento e conscientização dos profissionais médicos, além da necessidade de estruturação do hábito da saúde ocular na infância, e da existência e conhecimento de uma rede de referenciamento.
“Demoramos para obter o diagnóstico, mas, após isso, tudo foi muito rápido, pois estamos em São Paulo, temos recursos e plano de saúde. Quando soubemos que nossa filha tinha a doença foi muito duro. Não queríamos que nenhuma família passasse por isso”, disse.
Rede de atendimento – Outro ponto defendido por Tiago Leifert, e que também foi um dos pontos do documento aprovado ao final pelos participantes do I Fórum de Oftalmologia do CFM, foi a necessidade de se fortalecer a rede de atendimento à população pediátrica no que se refere ao diagnóstico e ao tratamento precoces de doenças oculares. Dentre outros pontos aprovados pelos participantes, estão: a criação da consulta oftalmológica da criança (de zero a 12 anos) como uma consulta diferenciada, com exame oftalmológico completo; e o fortalecimento de parcerias entre o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) com outras sociedades médicas de especialidades, como a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que se dedicam à assistência a esse grupo.
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“Muitas vezes o médico do postinho não sabe como encaminhar a um centro de referência, não se sabe o que é TFD [Tratamento Fora de Domicílio, instituído pela Portaria Nº 55/1999, do Ministério da Saúde]. Nas minhas interações com famílias que enfrentam a doença, sinto falta de ter um caminho para o tratamento”, relata.
De Olho nos olhinhos – A história da família de Tiago Leifert comoveu o presidente do CFM, José Hiran Gallo, que quando tomou conhecimento do caso ofereceu apoio à campanha “De Olho nos Olhinhos”. Com isso, o material elaborado – com o apoio do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) – foi amplamente difundido entre os médicos do País, aumentando a conscientização da categoria para o diagnóstico precoce da doença.
“Nosso objetivo é promover uma reflexão profunda e construtiva sobre os desafios que enfrentamos e as soluções que podemos oferecer para garantir uma melhor qualidade de vida às crianças em nosso país. Acompanho de perto os desafios dessa especialidade porque meu filho é oftalmologista. Sou sensível à causa e me comprometo a agir para garantir que vocês tenham condições de trabalhar com tranquilidade, fazendo sempre o melhor pelos pacientes”, disse.