Além de medir a percepção dos brasileiros sobre a necessidade de aprovação no Revalida, a pesquisa CFM/ Datafolha também avaliou o impacto dessa aprovação na forma como o paciente enxerga quem o atende e na sensação que manifesta após esse contato.
A pesquisa revela que a percepção favorável da população sobre a exigência de revalidação do diploma está diretamente vinculada ao receio de exposição a riscos e outros problemas durante possíveis atendimentos. Nesse aspecto, também houve pouca variação entre os diversos grupos estudados quanto a idade, escolaridade e região.
De acordo com os dados coletados, o fato de o portador de diploma de medicina ter sido aprovado no Revalida se traduz em maior confiança do paciente em quem faz o atendimento. Na avaliação de 72% dos brasileiros, ser atendido por alguém que passou por esse exame aumenta a confiança no médico.
Essa percepção é maior na faixa etária de 35 a 59 anos (75%). No grupo com idades de 16 a 24 anos, o percentual foi de 71%, e no de 25 a 35 anos, de 73%. No segmento com 60 anos ou mais, esse percentual cai ligeiramente para 64%.
A pesquisa também perguntou se as pessoas se sentiam mais seguras com os tratamentos prescritos por médicos com diplomas revalidados. Aqueles com ensino superior foram os que mais expressaram o entendimento de que isso os faria se sentir mais seguros (74%). Entre os brasileiros com ensino médio, esse percentual foi de 73%, e entre os com ensino fundamental, de 64%.
No Norte do País, 75% dos entrevistados afirmaram que se sentem mais seguros ao realizar tratamentos prescritos por pessoas formadas no exterior que revalidaram seus diplomas – proporção que foi de 69% no Sudeste, de 68% no Sul, e de 72% no Nordeste e Centro-Oeste. Nas regiões metropolitanas, esse índice foi de 73% e, no interior, de 69%.
Para a diretora executiva da Associação Brasileira de Educação Médica (Abem), Hermila Tavares Guedes, o Revalida é importante para garantir a isonomia da competência médica no cuidado com a população. Segundo Hermila, que é professora adjunta do curso de medicina da Universidade Estadual da Bahia e da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, algumas faculdades de medicina estrangeiras são precárias, mercantilistas e sem nenhuma seleção de ingresso; daí por que o Revalida é necessário para avaliar o conhecimento, o comportamento e as atitudes dos profissionais que pretendem atuar no Brasil.
“É preciso deixar claro que não é uma questão de ser de direita ou esquerda. Trata-se do direito à atenção qualificada do povo brasileiro e de valorização da formação dos profissionais de saúde”, enfatizou Hermila Guedes.
Esse também é o entendimento da presidente da Comissão de Saúde da Ordem dos Advogados do Brasil, Sandra Krieger. “Flexibilizar o atendimento por médicos que não são qualificados, dos quais não se sabe a formação, é muito temerário para a própria população”. Sandra Krieger também criticou atitudes de alguns governadores que, aproveitando a pandemia provocada pela Covid-19, tentavam contratar médicos formados no exterior sem inscrição nos Conselhos Regionais de Medicina.