Equipamentos de proteção individual e treinamento para uso devem ser garantidos aos jovens médicos
A pandemia de coronavírus não afetou apenas a rotina de atendimento das unidades de saúde. Os cenários de prática para os programas de Residência Médica (PRMs) também tiveram que ser adaptados em decorrência da Covid-19. Porém, além dessa adaptação, tem-se buscado oferecer condições de segurança para o residente, como o acesso aos equipamentos de proteção individual (EPIs).
Para o médico do trabalho e presidente da Comissão Estadual de Residência Médica de Roraima (CEREM-RR), Mauro Asato, esse é ponto-chave: assegurar ao jovem médico a cobertura de medidas de proteção à sua saúde e integridade. Outro ponto que ele destaca é a importância de treinamento para as equipes na utilização desses materiais. Segundo ele, esse fornecimento de material adequado é responsabilidade de cada instituição.
A secretária-executiva da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), Viviane Peterle, conta que nunca houve nada parecido com o quadro existente hoje no País desde os primeiros modelos de ensino em pós-graduação e Residência Médica iniciados há 70 anos no Brasil. “É a primeira vez que a formação em áreas específicas baseada em matrizes de competência se desenvolve simultaneamente com o emprego de protocolos e planos de contingência nos serviços de saúde em que estão atuando, voltados quase exclusivamente para o atendimento a uma patologia específica, desconhecida, de grande impacto sanitário e de proporções não totalmente mensuráveis, independentemente da especialidade ou da área de atuação do médico”, enfatiza Viviane.
Os novos fluxos têm afetado cerca de 44 mil médicos residentes, em mais de 7 mil programas de Residência Médica espalhados pelo País, que precisam se adaptar à reorganização dos serviços de saúde, de acordo com o quadro inesperado e atípico causado pela pandemia de coronavírus, declarada pela Organização Mundial de Saúde em 11 de março de 2020. São diversas situações epidemiológicas em cada estado do País, com diferentes desa¬ os e testes ao modelo de formação que é a Residência Médica.

Kotzias: As questões relacionadas à Residência Médica estão sendo acompanhadas pelo Conselho Federal
Pandemia – Com relação às condições para a prática nas diversas especialidades médicas, algumas foram suspensas, como cirurgias e atendimentos eletivos, por causa da paralisação de muitos serviços. A CNRM entende que, como as residências são feitas por módulos em rodízios, as situações devem ser regionalizadas e individualizadas.
Para a CNRM, a conclusão do programa de Residência Médica dependerá de cada unidade, de cada especialidade e de cada residente. Por exemplo, se um residente de ginecologia já passou por atendimento eletivo ano passado e o módulo previsto para 2020 era obstetrícia, ele conseguirá seguir seu cronograma, pois esses atendimentos não foram suspensos. Mas o contrário não ocorrerá.
Hospitais especializados teoricamente puderam prosseguir com os atendimentos, reduzindo a quantidade deles para evitar aglomerações, deduz a CNRM. Mas algumas especialidades clínicas tiveram que ser suspensas e a formação fica prejudicada.
O representante do CFM na CNRM, Anastácio Kotzias Neto, mostra preocupação com a reposição do programa não cumprido pelos residentes, em especial os de terceiro ano e daqueles que cumprem um ano em área específica. “Medidas a respeito estão sendo tratadas em conjunto com o Ministério da Educação e Ministério da Saúde”, diz.