
Ultrassonografia: queda na produção foi grande
Ao mapear os 20 principais exames com finalidade diagnóstica em mulheres com idade entre 10 e 49 anos (idade fértil), o Conselho Federal de Medicina (CFM) também identificou queda na realização de importantes procedimentos recomendados às gestantes. Alguns deles, como os testes de HIV, hepatite e sífi lis, por exemplo, embora essenciais na prevenção e detecção precoce de doenças, sofreram queda de quase 40% no ano passado.
“Os exames do pré-natal fornecem informações sobre o desenvolvimento do bebê, o ganho de peso, fases da gestação e cuidados especiais em cada uma delas. Eles detectam condições que podem colocar a mãe e o bebê em risco, como o parto prematuro, se não forem tratadas. Ainda ajudam a encontrar anomalias cromossômicas”, comentou Ademar Carlos.
Sífilis – Em 2020, foram realizados 46.596 testes rápidos para detecção de sífilis a menos do que em 2019. A queda foi de 34% apenas em relação a mulheres na idade fértil. Transmitida por meio de relações sexuais, essa é uma doença causada por infecção bacteriana que pode gerar complicações severas, especialmente quando ocorre em gestantes.
A recomendação é que, durante o pré-natal, todas as mulheres sejam testadas na primeira consulta, no 3º trimestre da gestação e na internação para o parto, independentemente de apresentarem sintomas. Em caso de aborto, também deve ser feito o exame para detecção de sífilis.
Hepatite B – A transmissão vertical do vírus causador da hepatite B (HBV), doença contra a qual existe vacina disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) desde 1999, também é fator de risco na gestação. Morte fetal e perinatal, prematuridade e baixo peso ao nascer são alguns desfechos associados à infecção por hepatite B.
No último ano, porém, o exame que identifica essa infecção teve uma queda de 38% em relação a 2019, ano que já apresentava uma baixa cobertura: apenas 6.824 testes para pesquisa de anticorpos contra o antígeno e do vírus da hepatite B foram realizados no SUS em 2019, número que caiu para 4.213 em 2020.
De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz, mais de 90% das crianças desenvolvem infecção aguda por HBV caso a gestante seja portadora do vírus, com perfil imunológico reagente (HBsAg/HBeAg), e não tenha recebido a imunoprofilaxia no momento do parto.
Ultrassonografia – Importante exame diagnóstico para precisar a idade gestacional, o crescimento e a formação fetal, além de permitir a identificação precoce de condições que interfiram no manejo do parto, a ultrassonografia obstétrica foi o procedimento que sofreu maior impacto em quantidade absoluta: ao menos 240,7 mil deixaram de ser realizadas pelo SUS no ano passado, o que indica redução de 12% em comparação a 2019.
É recomendado que cada gestante faça, pelo menos, um ultrassom por trimestre. Em 2020, porém, as ultrassonografias obstétricas realizadas no SUS registraram a maior queda dos últimos 10 anos.