Nos dias 16 e 17 de setembro, acontece a campanha “De Olho Nos Olhinhos” com o objetivo de conscientizar e alertar sobre o retinoblastoma, um tumor ocular que acomete crianças de até 5 anos de idade. O Conselho Federal de Medicina (CFM) apoia a ação promovida pelos jornalistas Daiana Garbin e Tiago Leifert. A filha do casal, Lua, hoje com quase 3 anos, foi diagnosticada com retinoblastoma quando tinha 11 meses e ainda está em tratamento.
O CFM, que atua com foco nas melhores práticas médicas, colabora com a saúde da criança brasileira e luta por um acesso justo e com qualidade para todas elas. Donizetti Dimer Giamberardino Filho, conselheiro federal pelo estado do Paraná, participou de uma live na rede social da Daiana Garbin, representando o CFM em apoio ao projeto.
Ele esclareceu dúvidas dos participantes, afirmou que esta é uma questão pública de saúde e destacou: “Do ponto de vista de boas práticas médicas, o Teste do Olhinho, ou seja, a hermenêutica do exame ocular, é um dever do médico. Entre seus deveres de atualização, de informação da família e de diligência do exame físico, do ponto de vista ético do CFM, o médico tem que cumprir com uma boa prática. Nesse sentido, há uma obrigatoriedade, mesmo que não esteja em lei. Todo médico que decide atender crianças, precisa fazer o exame do olho. Você não pode terceirizar esse exame ao oftalmologista. A primeira consulta é fundamental para dar à criança o acesso ao oftalmologista”.
O CFM enviará cartilha sobre retinoblastoma, via e-mail, para todos os médicos do Brasil. O material também está disponível para download no link abaixo.
Cartilha sobre Retinoblastoma – De Olho nos Olhinhos
A campanha
Tiago e Daiana descobriram o retinoblastoma quando ele já estava num grau considerado avançado. “O que mais gostaríamos era de estar navegando na internet e ter tido acesso a um vídeo de um casal dizendo o que está acontecendo com a filha deles”. O vídeo postado pela família Leifert no Instagram, em janeiro de 2022, comoveu milhões de brasileiros. “Queremos que as famílias consigam chegar ao diagnóstico antes do que nós conseguimos, e por isso é fundamental divulgar informação e ficar de olho nos olhinhos”, afirma Tiago.
Daiana Garbin alerta: “Ficar atento a sinais como um reflexo branco, o “olho de gato”, e estrabismo é fundamental para ajudar a detectar não só o retinoblastoma, mas várias outras doenças. O diagnóstico precoce pode salvar a visão e a vida dos nossos filhos”.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) há entre 200 a 250 casos novos por ano no Brasil, 7.500 a 8 mil no mundo, e a grande preocupação é o diagnóstico tardio. No Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (GRAACC) há de 12 a 15% de retinoblastoma extraocular, o que significa um tumor avançado. A Dra. Carla Macedo, oncologista pediátrica do GRAACC explica: “Quando diagnosticado precocemente, e tratado em centros de referência, a chance de cura é de 90%, mas a grande preocupação é quando o câncer já saiu do olho, o que chamamos de metástase. Quanto mais cedo identificar a doença, maior é a chance de cura”.
De acordo com o Ministério da Saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece atendimento, assistência, diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos casos de retinoblastoma, de forma integral e gratuita.
Outras parcerias
Segundo Cristiano Caixeta Umbelino, presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), todas as crianças precisam ser submetidas ao teste do olhinho no primeiro mês de vida, idealmente no berçário da maternidade. É preciso conscientizar as famílias sobre a importância da consulta oftalmológica de bebês e crianças pequenas ao oftalmologista. “Muitas crianças vão ao oftalmologista pela primeira vez na idade de alfabetização, o que está longe do ideal e permite que doenças oculares não sejam precocemente diagnosticadas e tratadas. Além do retinoblastoma, outros problemas oculares podem se desenvolver silenciosamente na infância”, alerta.
Para Clóvis Francisco Constantino, presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a visão é uma janela para o mundo, influenciando o desenvolvimento cognitivo e emocional. “Durante as consultas de puericultura, a saúde ocular deve ser uma das mais importantes prioridades. Problemas não diagnosticados precocemente podem afetar o crescimento saudável e, por isso, a SBP apoia esta iniciativa, reforçando a importância de cuidados precoces e contínuos com a visão de nossas crianças”.