Palestras abordaram temas de interesse para as demandas dos médicos jovens
Muitos médicos passaram por dificuldades durante a pandemia porque tiveram cirurgias eletivas desmarcadas ou suspensas e consultórios fechados temporariamente em razão das medidas restritivas. A avaliação é do médico intensivista e especialista em educação em finanças, Rafael Bastos, que abordou o assunto na segunda edição do Fórum Virtual de Integração do Médico Jovem, realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em outubro.
Para ele, a consciência da necessidade de investir foi um dos muitos reflexos que a pandemia gerou para a sociedade brasileira e para os médicos: “Infelizmente, muitos perceberam neste período que toda sua fonte de renda vinha do trabalho e que as contas não param de chegar em tempos difíceis. Então isso estimulou a necessidade de empreender, de poupar e de aprender a investir um pouco mais”, conta o especialista.
Em entrevista ao jornal Medicina, o diretor da escola virtual de educação financeira explicou como e por que os médicos precisam aprender a empreender, poupar e investir.
“Não só os médicos, mas a população brasileira de forma geral têm uma ‘cultura do INSS’, isto é, de ao final da vida poder contar com sua aposentadoria. E isso é uma grande falha”, explica. Bastos lamenta que os médicos não sejam preparados na formação acadêmica para também lidar com as finanças.
“Aprendemos sobre anatomia, fisiologia, procedimentos cirúrgicos, mas praticamente nunca nos falam na faculdade sobre como gerir o nosso capital, o fruto do nosso trabalho”, disse. Para ele, a falta de planejamento leva o profissional a entrar numa ciranda de trabalho em tempo integral, ganhando um pouco acima do que a população de forma geral e sem se preocupar com o futuro, tendo que atuar até o fim da vida para pagar as contas.
Para especialista, a chave do sucesso para o futuro residente é fazer planejamento de gastos
Bastos: médicos não sabem quanto recebem ou gastam
“É possível levar uma vida rica, mas barata”, afirma Rafael Bastos. Segundo o médico especialista em finanças, para organizar a vida financeira e firmar um planejamento de longo prazo é preciso seguir alguns passos, sendo primordial constituir uma boa reserva de emergência.
“Esse é o primeiro passo, tanto para a pessoa física quanto para a jurídica – médicos donos de clínicas, hospitais ou até outros negócios. Isso nada mais é do que uma aplicação ou uma verba reservada para que, caso precise, possa recorrer para quitar dívidas urgentes. Na pandemia, isso ficou bem evidente. Pessoas que tinham reserva de emergência e empresas que tinham caixa passaram menos dificuldade do que aquelas que já viviam ali no limite”, disse.
Outro passo importante é planejar. “Muitas vezes a gente observa que o médico não sabe nem quanto ganha, muito menos quanto gasta. Sem essa equação básica não é possível saber quanto investir. Nesse levantamento o médico vai, muito provavelmente, se surpreender com o quanto gasta em coisas supérfluas e com o quanto poderia contar se soubesse gastar melhor”, alerta.
Contratar um bom contador também é uma atitude recomendada aos que pensam em organizar as finanças, “porque de forma lícita existem muitas maneiras de reduzir o pagamento de impostos”. Bastos também indica abrir uma conta em uma corretora e procurar a assessoria de profissionais em finanças e investimentos.
“Existem muitas formas de ponderar seus gastos. Quer comprar um carro? Procure uma promoção ou espere um pouco mais a melhor oportunidade. Quer fazer uma viagem? Acumule milhas no cartão de crédito durante um período para adquirir as passagens mais baratas ou até gratuitas”, aconselha o intensivista e CEO em finanças, Rafael Bastos.
O tema foi destaque em fórum realizado no CFM. A atividade também reuniu lideranças médicas em torno de outros assuntos, como telemedicina, sindicalismo, cooperativismo e o papel das entidades médicas.
Assista à íntegra do evento no canal do CFM no YouTube: youtube.com/user/ cfmedicina.