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Existe um pequeno número desses estabelecimentos de saúde, fundamentais à formação dos médicos

Júlio Braga: para o coordenador da Comissão de Ensino, os campos de estágio não suportam a demanda

Até a década de 1970, quando foram criadas várias faculdades de medicina em universidades públicas brasileiras, a abertura de uma escola médica implicava, também, a inauguração de um hospital de ensino. Também havia as santas casas, que a partir de um hospital criavam um curso de medicina. Esse foi um parâmetro que ­ ficou no passado. Hoje as faculdades são abertas e disputam as instalações dos hospitais já existentes.

O levantamento do Conselho Federal de Medicina encontrou 200 hospitais de ensino. O número é insu­ficiente, já que há municípios com mais de um deles concentrados (72%) nas cidades com mais de 500 mil habitantes. Por outro lado, 191 (55,7%) escolas médicas estão localizadas em municípios sem hospital apropriado para a docência.

Além de insu­ficientes, esses hospitais também estão distribuídos de modo irregular. Apesar de responder por 23,4% das vagas nos cursos de medicina, o Nordeste tem apenas 12,4% dos hospitais

Fonte: Conselho Federal de Medicina

de ensino. Em posição inversa, o Sul oferece 14,9% das vagas, mas tem 21,6% dessas unidades de apoio.

O estudo também mostrou que não há nenhum hospital de ensino nas dez escolas médicas que funcionam em municípios de até 50 mil habitantes e há apenas quatro (2,6%) nas 47 escolas dos municípios que têm entre 50 mil e 100 mil moradores. Nas cidades entre 100 a 500 mil habitantes, existem 161 escolas médicas e 39 hospitais de ensino (25,5%). Já naqueles com mais de 500 mil moradores, são 123 escolas e 110 hospitais (71,9%).

 

 

Precariedade afeta estágios

Numa situação ideal, as faculdades de medicina teriam seus hospitais e ambulatórios para que os estudantes do internato, no 5º e no 6º ano, praticassem o estágio. Além dos professores, esses locais teriam preceptores e orientadores, que acompanhariam o estudante nas consultas. Os locais também teriam salas de reunião para que estudantes, professores e orientadores discutissem os casos clínicos.

Com o aumento das escolas médicas, os hospitais que atendiam apenas uma faculdade passaram a atender duas, três ou mais. Com isso, muitos campos de estágio tornaram-se inadequados. Em relação às UBSs e UPAs, as prefeituras fazem convênios com as faculdades e recebem um valor adicional para recepcionar os acadêmicos de medicina. Em tese, os estudantes seriam acompanhados por professores e médicos orientadores, os preceptores. Em tese, porque há grande rotatividade de pro­fissionais nesses locais, os médicos estão sobrecarregados e não são treinados para orientar os estudantes. Falta ainda espaço para debater os casos clínicos e, geralmente, o estudante se vê sozinho diante do paciente, sem ter a quem pedir apoio.

Júlio Braga, pai de uma estudante de medicina, diz torcer para que a ­ filha não seja escalada para fazer estágio em unidades de saúde sem estrutura adequada ou sem médicos em quantidade e com quali­ficação necessária para atender os pacientes e orientar os estudantes. Já o pai de outra aluna de medicina, que preferiu não ser identi­ficado, conta que a ­ filha acorda de madrugada para chegar cedo e visitar os pacientes de um hospital, antes da chegada dos estudantes de uma outra faculdade, que visitarão os mesmos pacientes.

Densidade é maior do que a dos EUA

Hoje, o Brasil tem 9,21 recém-formados em medicina para cada 100 mil habitantes. Se ­ ficássemos neste número, estaríamos próximos aos percentuais do Chile (8,82), Estados Unidos (7,76), Canadá (7,7), Coreia do Sul (7,5), Japão (6,9) e Israel (6,9).

O prognóstico, no entanto, é que, daqui a seis anos, quando todas as vagas criadas recentemente entregarem seus primeiros formandos, teremos 16,2 egressos por 100 mil habitantes. Essa média será maior do que a de Holanda (15,95), Espanha (14,48), México (13,54), Reino Unido (12,87), Alemanha (12,01) e França (9,46).

Como a distribuição das escolas se dá de forma desigual, em 14 estados já há hoje uma densidade de vagas superior a 16,9. Desses estados, 11 já têm índices iguais ou superiores aos dos sete países mais bem classi­ficados no ranking da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

A maior densidade está na região Sudeste, com 18,3 vagas, seguida do Centro- -Oeste (17,6), Sul (17,2), Nordeste (15) e Norte (14,8).

 

Fonte: Conselho Federal de Medicina

 

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