
O futuro da pediatria passa pela capacidade de garantir que toda criança, independentemente de onde nasça, tenha acesso a cuidados qualificados e humanizados. Esse foi o espírito da mesa redonda “Promoção da Saúde Infantil e acesso a cuidados”, realizada na tarde do dia 15 de agosto, durante o V Fórum Virtual de Pediatria do Conselho Federal de Medicina (CFM). O encontro reuniu especialistas que trouxeram experiências e dados contundentes sobre realidades diversas, mas igualmente urgentes, para a saúde infantil no Brasil.
A moderação ficou a cargo da conselheira federal Ana Jovina Barreto Bispo, com secretaria de Margareth Martins Portella, ambas integrantes da Câmara Técnica de Pediatria do CFM.
Saúde indígena – a pediatra Lucia Helena Guimarães Rodrigues, professora da Faculdade Pernambucana de Saúde e da Universidade de Pernambuco, apresentou um panorama da saúde infantil entre povos indígenas, revelando desigualdades alarmantes. “O número de crianças indígenas que morrem antes dos cinco anos é até três vezes maior que entre não indígenas — e, na maioria dos casos, por doenças evitáveis”, alertou. Ela destacou que barreiras geográficas, alta rotatividade de profissionais e diferenças culturais comprometem o vínculo e a eficácia da assistência. “Se a gente não entende o porquê, se não dialoga, não há como fazer a assistência”, reforçou.
Comunidades vulneráveis – Marynea Silva do Vale, pediatra neonatologista e conselheira do CRM-MA, abordou a importância de um início de vida seguro e saudável como base para o desenvolvimento humano. Falou sobre o Programa de Reanimação Neonatal da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). “O nascimento seguro é o coração do capital humano e do progresso econômico de um país. Em um minuto, tudo pode mudar na vida de um bebê — e esse minuto pode salvar ou perder uma vida”, afirmou. Ela destacou que capacitar fortalece a rede de cuidado e reduz mortes evitáveis.
Leitos pediátricos – Bruno Leandro de Souza, conselheiro federal pelo estado da Paraíba, apresentou um diagnóstico preocupante: o Brasil perdeu cerca de 18,3 mil leitos pediátricos entre 2005 e 2022, uma redução de 25,6%. “Garantir acesso é garantir vida — e a vida de uma criança não pode entrar na fila”, afirmou. Ele defendeu melhorias na gestão, redistribuição de recursos e fixação de pediatras, ressaltando que não basta ter estrutura física: é preciso equipe qualificada e permanente.
Reflexão e compromisso – Os relatos e dados apresentados reforçam a urgência de políticas integradas, investimentos consistentes e valorização dos profissionais. Como destacou o coordenador da Câmara Técnica de Pediatria do CFM e organizador deste evento, Eduardo Jorge, o fórum é um espaço para “debater as questões mais urgentes da nossa especialidade” e buscar soluções que garantam a saúde integral das crianças brasileiras — hoje e no futuro.
Assista abaixo aos debates do evento: