Entre consultas, plantões e provas, a vida do médico residente pode ser intensa — e, no caso da Pediatria, cheia de questões que vão muito além da formação técnica. Esse foi o foco da conferência “Os desafios atuais da residência médica em pediatria”, apresentada pelo conselheiro federal e pediatra Eduardo Jorge da Fonsêca Lima, no V Fórum Virtual de Pediatria do Conselho Federal de Medicina (CFM), realizado nesta sexta-feira (15).
Eduardo Jorge trouxe à tona números, comparações internacionais e, principalmente, reflexões sobre o que significa formar um pediatra no Brasil de hoje. Para ele, mais do que dominar conhecimentos técnicos, o residente precisa desenvolver competências variadas da assistência primária ,secundária e terciária .“Residência médica de qualidade não se cria por decreto. É preciso tempo, preparo e compromisso com a formação”, destacou.
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Entre os principais desafios, Eduardo Jorge destacou o descompasso entre o número de formandos e as vagas de residência, a concentração de oportunidades em grandes centros, a necessidade de valorização da pediatria e o preparo dos preceptores. Também apontou mudanças no perfil epidemiológico das doenças, que exigem do pediatra competências cada vez mais amplas, desde a atenção primária até a alta complexidade.

As reflexões apresentadas pelo conferencista foram além dos números e da estrutura. Ele questionou, por exemplo, se a ampliação do tempo de residência realmente afasta os jovens médicos ou se a principal barreira continua sendo a falta de reconhecimento e remuneração justa. Eduardo também lembrou que formar um bom pediatra não é apenas ensinar a tratar doenças, mas cultivar habilidades como empatia, comunicação, liderança, criatividade e capacidade de trabalho em equipe. “Será que conseguimos ensinar esse ‘ser perfeito’? Esse é um desafio real”, provocou.
Ao longo da palestra, Eduardo intercalou dados com experiências pessoais — como sua vivência na área de ensino e especialmente aspectos da avaliação do médico residente. Destacou ainda as EPAS que estão sendo estruturadas pela Sociedade Brasileira de Pediatria para nortear os programas de residência na especialidade. O pediatra do futuro precisará estar pronto para atuar em realidades muito diferentes, sempre com foco no cuidado integral à criança e ao adolescente.
A conferência foi presidida por Rubens Trombini Garcia, membro da Câmara Técnica de Pediatria do CFM, e secretariada por João Gonçalves de Medeiros Filho, membro da Câmara Técnica de Pediatria do CFM. O V Fórum Virtual de Pediatria, que tem como tema central “A prática pediátrica e o futuro”, segue ao longo do dia com debates sobre temas como saúde mental dos profissionais, o cuidado com crianças que viverão mais de 100 anos e os rumos da formação médica. O evento é transmitido ao vivo pelo canal do CFM no YouTube.
Confira abaixo as apresentações do evento realizadas pela manhã:
V Fórum Virtual de Pediatria do CFM (tarde)