Na parte final do I Webinar de Homeopatia, nessa terça-feira (25), os debatedores trataram de estudos qualitativos em homeopatia e da abrangência do ensino do tema nas escolas médicas do País. O médico Francisco José de Freitas, professor da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), apresentou um panorama do ensinamento de homeopatia em instituições de educação médica do País.
O levantamento destacou que diversas universidades, entre elas Unirio, UFRJ, UFF, Uerj, USP, Unicamp, FMJ-SP, HU-UFSC, UFU e outras, já incorporaram disciplinas obrigatórias, optativas, projetos de extensão e ambulatórios que aproximam estudantes da prática clínica e das bases teóricas da especialidade. Apesar dos avanços, ele apontou desafios, como preconceito à homeopatia, carência de docentes qualificados, infraestrutura insuficiente para pesquisa e atendimento ambulatorial e dificuldade metodológica de avaliar evidências clínicas.
“A homeopatia conjuga a questão da ciência e da arte. Hoje, cada vez mais, as pesquisas demonstram a potencialidade que tem. Há necessidade de estar nas graduações, nas pós, na extensão. Precisamos estimular que nossos médicos conheçam a homeopatia de uma forma clara e objetiva, sem preconceitos e dogmas”, disse.
Já o médico e pesquisador Sérgio Furuta apresentou uma série de estudos clínicos realizados em parceria com a Escola Paulista de Medicina/Unifesp, envolvendo crianças com amigdalites recorrentes e vegetação adenóide obstrutiva. Os projetos incluíram ensaios randomizados, duplo-cegos e controlados por placebo, conduzidos segundo critérios metodológicos reconhecidos pela literatura internacional.
Os resultados apresentados revelaram diferentes níveis de impacto terapêutico: em amigdalites recorrentes, observou-se redução expressiva da indicação cirúrgica em parte das crianças tratadas, sem provocar efeitos colaterais; e em casos de vegetação adenóide obstrutiva, o tratamento não demonstrou eficácia significativa dentro do período estudado. “Os otorrinos consideraram muito interessante o fato de que o tratamento homeopático para amigdalites de repetição ter dado resultado”, observou.
O médico e pesquisador Paulo Rosenbaum, por sua vez, abordou os fundamentos epistemológicos da homeopatia, situando-a dentro do campo das racionalidades médicas e discutindo sua trajetória histórica, da medicina hipocrática às interfaces contemporâneas entre mente, corpo e ambiente. Ele destacou que o modelo semiológico da prática favorece uma abordagem centrada na pessoa, com impacto direto na relação médico-paciente e no ethos do cuidado.
Também apresentou resultados de pesquisas que realizou sobre qualidade de vida, incluindo estudos psicométricos do questionário NEMS-07, desenvolvido para pacientes em tratamento homeopático. “Os resultados foram muito consistentes de melhora em vários segmentos do sujeito. Nós temos produção científica. Temos vontade de interagir com todas as áreas científicas. Estamos abertos a críticas. Entendemos que a homeopatia é uma contribuição excepcional à atenção primária e à humanidade”, afirmou.