
A primeira mesa-redonda do evento trouxe à pauta uma das principais discussões a respeito da qualidade do atendimento médico prestado aos brasileiros: o exame de proficiência.
Na tarde desta terça-feira (18), Gedeon Batista Pitaluga Júnior, diretor da Escola Superior da Advocacia da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), abriu as exposições com o tema “legitimidade do CFM em avaliar o médico: o papel dos conselhos profissionais e o exemplo da OAB”. Pitaluga Júnior demonstrou que o Conselho Federal de Medicina é o órgão competente para coordenar o novo exame. “Por sua natureza jurídica, o CFM não é apenas órgão de classe, é um defensor do interesse público e da própria sociedade brasileira”, afirmou.
Diretor de ensino médico da Federação Nacional dos Médicos (FENAM), Edmar Fernandes de Araújo revelou preocupação com a abertura indiscriminada de faculdades de medicina. “Em muitas cidades onde novos cursos foram instituídos, não há nem um hospital para que o estudante faça um estágio que de fato o prepare para a prática. O exame de proficiência valoriza a prática médica, estimula a melhoria do ensino, garante qualidade e segurança”. Gerson Alves Pereira Júnior, professor da USP-Bauru, apresentou modelos possíveis para a implantação do sistema de avaliação. “As provas escritas e de múltipla escolha tradicionais apresentam lacunas que podem ser preenchidas por cenários simulados, mas as simulações também têm desafios a serem enfrentados, como a dificuldade logística e capacitação de avaliadores, por exemplo. Entretanto, soluções digitais podem ser um caminho eficaz. O que precisamos é profissionalizar e capacitar os avaliadores”, assegurou o professor.
A mesa-redonda “O Exame Nacional de Suficiência/Proficiência: construção, formato e impacto esperado para a sociedade” foi encerrada por Helena Capela Gomes Carneiro Lima, promotora de justiça em Pernambuco e mestre em saúde pública. Neste momento, foram apresentados dados crescentes – e alarmantes – a respeito da judicialização de procedimentos médicos. O levantamento feito pelo Ministério Público de Pernambuco mostra que, em 2024, o número de processos relacionados a erros médicos aumentou 506% em relação ao ano anterior. “O exame de proficiência deve ser encarado como uma política de segurança. Ele será um filtro entre o recém-formado e o paciente”, concluiu a promotora. Ao final, a abertura de perguntas feitas pelo público aprofundou ainda mais o debate.

A mesa foi presidida por Estevam Rivello Alves, 2º secretário do CFM, e moderada por Fernando Sabia Tallo, membro da comissão de elaboração do projeto de prova de proficiência do Conselho Federal de Medicina.