Médicos, docentes e representantes de entidades ligadas ao tratamento de câncer afirmaram no Senado, nesta quarta-feira (30), que a pesquisa científica brasileira precisa de mais apoio público e privado, com mais recursos, mais segurança jurídica e mais estabilidade. Eles participaram da sessão de debates temáticos no Plenário sobre o andamento de pesquisas relacionadas a vacinas contra o câncer no mundo.

A presidente da SBOC destacou a importância das vacinas para prevenção de casos de câncer (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
A discussão contou com a participação da presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Angélica Nogueira, membro da Câmara Técnica de Oncologia Clínica do CFM. A especialista alertou para o aumento dos casos de câncer no Brasil e no mundo e a preocupação com o crescimento do número de óbitos em razão da doença. “Em 2030, segundo dados do Ministério da Saúde, a principal causa de morte na população brasileira vai ser câncer, superando doença cardiovascular”, destacou a oncologista.
A médica apontou ainda a importância das vacinas para prevenção de novos casos: “Câncer pode ser uma doença evitável por vacina. Não há dúvida de que vacina contra o HPV e outras vacinas antivírus, como por exemplo, contra hepatite, podem evitar câncer”, apontou Angélica.
A senadora Dra. Eudócia (PL-AL) foi quem requereu e presidiu a reunião. Ela é autora do PL 126/2025, que busca alavancar a produção e a distribuição de vacinas e remédios contra o câncer no país ao criar um marco legal para essa área.
Pesquisas e testes – De acordo com ela, novas vacinas estão sendo pesquisadas em alguns países, vacinas essas destinadas ao tratamento de pessoas que já têm câncer. A senadora disse que uma das mais promissoras está em desenvolvimento na Rússia e, assim como outras, usa a tecnologia de RNA mensageiro, que tem potencial de gerar vacinas personalizadas para tratar cada pessoa individualmente. Dra. Eudócia defendeu que o Brasil deve participar dessa “nova fronteira da biotecnologia molecular”.
— A boa notícia é que essa tecnologia se revela bastante promissora, e existe uma grande probabilidade de que, nos próximos anos, nós possamos ter essas vacinas disponíveis para a população em geral. Com os avanços da tecnologia, da medicina personalizada e da inteligência artificial, estamos cada vez mais próximos de uma era em que a prevenção e a cura de doenças serão mais rápidas, eficazes e acessíveis a todos — afirmou.
Vacinas preventivas – O professor da Universidade de Queensland, na Austrália, Seth Cheetham, participou da sessão por videoconferência. Ele lidera a pesquisa com RNA mensageiro no Instituto Australiano de Bioengenharia e Nanotecnologia. Segundo o cientista, a grande maioria das vacinas contra o câncer em desenvolvimento no mundo ainda está em fase de testes.
A diretora de Desenvolvimento de Negócios na Innovax Biotech Xiamen, da China, Cynthia Zhai, também participou por videoconferência. Ela disse que a Innovax produz anualmente 60 milhões de doses de vacinas contra o HPV. Uma nova variante do imunizante, mais eficaz, está em desenvolvimento, informou.
O professor Lennard Lee, da Universidade de Oxford, na Inglaterra, também participou do debate por videoconferência e afirmou que o Reino Unido também está bastante avançado nas pesquisas com vacinas baseadas em mRNA. Segundo ele, em breve existirão vacinas mais amplas contra o câncer e vacinas mais específicas para cada pessoa.
A íntegra do debate está disponível no canal da Agência Senado no YouTube e pode ser assistida AQUI.
* Com informações da Agência Senado