As providências tomadas pelas entidades médicas e o trabalho desenvolvido para socorro às vítimas das enchentes ocorridas no Rio Grande do Sul, em maio deste ano, foram discutidos na manhã desta sexta-feira no III Fórum de Clínica Médica do CFM.
O presidente do CFM, José Hiran Gallo, abriu as atividades do evento, destacando o trabalho realizado pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers), as ações tomadas pelos médicos durante a crise e a importância do fórum para discutir medidas em situações futuras. “Aprendemos grandes lições deixadas pelo Rio Grande do Sul, um estado que enfrentou adversidades significativas e nos oferece valiosas experiências sobre como lidar com crises de saúde pública, avaliou o diretor.
Em seu discurso, Hiran Gallo aproveitou a oportunidade para destacar a forma diligente como o Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul, lembrando “o chamamento feito aos médicos de todo o País, em que mais de 3 mil se candidataram como voluntários para atuação no Rio Grande do Sul, lista que entregamos pessoalmente à ministra das Saúde, Nísia Trindade”, recordou o diretor.
Valorização da especialidade – Também na abertura do encontro, o coordenador da Câmara Técnica de Clínica Médica do CFM, Carlos Magno Pretti Dalapícola, analisou a relevância do debate como aprendizado para possíveis novas catástrofes e destacou o papel do clínico, nessas situações. “É importante valorizarmos a nossa especialidade. Um clínico bem formado resolve 60 a 70 por cento dos problemas que lidamos no dia a dia. Por isso, é importante valorizar essa especialidade”, ressaltou o conselheiro, também 2º tesoureiro do Conselho Federal de Medicina.
Responsável pelo Fórum, Dalapícola alertou para a necessária distinção do médico especialista. “Não se deve confundir o médico que se forma, que se diz clínico generalista, com aquele que tem uma residência médica e tem uma especialidade. Trabalhamos para sempre engrandecer a nossa especialidade”, ressaltou o coordenador da Câmara Técnica.
Dengue – A primeira palestra no evento foi apresentada pelo clínico geral Último Libânio da Costa, pesquisador da Vacina Tetravalente Dengue, desenvolvido pela Universidade Federal de Minas Gerais e pelo Instituto Butantan. O médico apresentou dados sobre o avanço da doença em Belo Horizonte e a importância de medidas como a hidratação do paciente como providência necessária para evitar o agravamento do quadro. A proliferação da doença no estado gaúcho tem preocupado as autoridades de saúde e o especialista tratou sobre a dificuldade no desenvolvimento do imunizante, considerando-se que o vírus é dividido em quatro sorotipos, e cada um apresenta diferentes variações genéticas.
As palestras seguintes discutiram doenças associadas a inundações, em apresentação do presidente da Sociedade Gaúcha de Infectologia, Alessandro Comarú Pasqualotto. Ele relatou que “o Estado estava perdido, não estava preparado para uma situação dessa magnitude”, alertou o palestrante.
Atuação médica – Outro tema apresentado foi a situação real da atividade médica durante a catástrofe. A conferência foi apresentada pelos médicos clínicos Edisom Paula Brum e Marcio Fernando Spagnól. Membros da Câmara Técnica, os palestrantes apontaram os problemas enfrentados, como falta de energia elétrica, abastecimento de água com caminhões pipa, além da suspensão de cirurgias, partos ou hemodiálises.
Passados pouco mais de 3 meses da maior catástrofe natural no Rio Grande do Sul, os especialistas reunidos no III Fórum de Clínica Médica destacaram uma nova preocupação: os problemas respiratórios que deverão surgir em razão da fumaça causada pelas queimadas em todo o País. A preocupação foi um dos assuntos abordados no encontro, que discutirá ainda temas como o tempo de formação na residência médica, a Medicina Hospitalar como área de atuação da Clínica Médica e a autonomia do médico clínico para prescrição de medicação de alto custo.
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Assista abaixo à íntegra do III Fórum de Clínica Médica no canal do CFM no YouTube.