O presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), José Hiran Gallo, afirmou, em artigo publicado na quinta-feira (1) no jornal Folha de S. Paulo, que a Autarquia e a ciência caminham lado a lado e que os princípios da bioética e ética médica, aliados ao conhecimento e a literatura médica, respaldam decisões tomadas pela instituição, desde a sua criação.
No texto, Gallo contesta firmemente manifestações enviesadas publicadas na imprensa e nas redes sociais de que a classe médica está atrelada a plataformas político-ideológicas e sem compromisso com pacientes e a população. O presidente do CFM lembrou que a Autarquia sempre defendeu, por exemplo, o Sistema Único de Saúde (SUS), o Plano Nacional de Imunizações (PNI) e a autonomia médica, em favor dos brasileiros.Artigo – Folha – CFM
Ele citou a prescrição off label, prática consagrada pela ciência e pela medicina que, quando necessária, é prerrogativa do médico, a partir de sua autonomia, sendo garantida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). A corte reconhece esse direito e garante que o medicamento prescrito seja coberto por planos de saúde e pelo SUS. “A prescrição off label não ocorre por ignorância ou arrogância do médico, mas por necessidade de tratamento de pacientes reais para quem não há medicamentos testados, segundo o rito científico existente”, observou.
Além disso, ele ressaltou que o CFM nunca foi contrário ao Programa Aborto Legal, como muitos propagaram, recentemente, e que o Conselho não participou da elaboração do Projeto de Lei 1.904/2024, que tramita no Congresso Nacional e proíbe o aborto a partir de 22 semanas.
O presidente desafiou quem duvida da atuação do CFM com base na ciência a procurar informações sobre essa prática numa simples busca na internet. Segundo ressaltou, nesse espaço abundam documentos que atestam o cuidado da Autarquia em aplicar o conhecimento científico em favor da medicina e da saúde.
“A ciência é humilde, paciente e criteriosa. Ela sabe quanto ainda falta aprender e reconhece a complexidade do mundo. Quem a defende foge das narrativas baseadas em distorções, pois sabe que, se o fizer, deixa de ser cientista, de fato, e passa agir como uma caricatura de si mesmo, mais preocupado com holofotes do que a verdade”, concluiu Gallo.