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Estrutura: a fixação dos jovens médicos ocorre principalmente quando há boas condições de trabalho

Não se confirma a expectativa de que as escolas médicas sejam polos em torno dos quais os médicos ali graduados exercerão a profissão. É o que sugere levantamento realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). O estudo mostra que, após a conquista do diploma, pelo menos um em cada cinco egressos dos cursos de medicina formados nos últimos três anos optaram por se registrar em uma unidade da federação diferente da que se formaram. De acordo com o levantamento, é o caso de pelo menos 16.249 recém-formados, dos quase 72 mil novos egressos registrados nos Conselhos Regionais de Medicina entre os anos de 2018 e 2021.

“A migração interna de médicos é determinada por questões econômicas, sociais e demográficas, há fatores individuais e profissionais associados à decisão de mudar”, explica Mauro Ribeiro, presidente do CFM. Ele avalia que os achados fragilizam a tese de que a presença de escolas médicas é um fator de fixação de médicos.

Para ele, os números confirmam que a abertura desenfreada de escolas médicas, sobretudo nos anos de 2013 a 2015, não foi capaz de induzir a permanência de médicos nas chamadas regiões de difícil provimento. Ao contrário dos estados do Norte, que perderam profissionais, no Sudeste, houve retenção dos médicos que ali se formam e “atração” dos que concluíram graduação em outras localidades.

Durante os últimos três anos, São Paulo formou 12.812 médicos, mas recebeu 16.773 inscritos, ou seja, atraiu um contingente de quase 4 mil médicos formados em outros estados. Por outro lado, Acre, Tocantins e Rondônia perderam mais da metade dos seus egressos.

Probabilidade – A análise mostrou ainda que, além daqueles que sequer se inscrevem onde se formaram, pelo menos outros 3.460 indivíduos (6,2%) transferiram o registro para outra UF antes de completar um ano desde a primeira inscrição. Por meio de uma análise de sobrevivência, ramo da estatística que estuda o tempo de duração esperado até a ocorrência de um ou mais eventos, o CFM calculou a probabilidade de um egresso se mudar após a conclusão do curso de graduação.

Enquanto as chances na Região Norte foram de quase 25%, no Sul e Sudeste foram próximas a 7%. No Centro-Oeste e Nordeste ficaram em 13%.

O Norte se destaca ainda quanto à migração de UF. Em 12 meses, a chance de um egresso de Rondônia sair para outro estado é de 26%. Esse percentual também é alto no Tocantins (21%), Acre (20%), Amapá (18%) e Roraima (17%). Observa-se com o passar do tempo, que as possibilidades de migração aumentam nestas regiões, aprofundando a desigualdade.

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