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Dando sequência às atividades do 1º Fórum de Saúde Digital do CFM, o painel “Desafios éticos da saúde digital” trouxe à tona questões centrais sobre o uso de tecnologias digitais e da inteligência artificial (IA) na medicina, seus limites e impactos na relação entre médicos e pacientes. A mesa foi presidida pelo conselheiro federal Waldemar Naves do Amaral (GO).

Primeiro expositor, o professor de Bioética da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e presidente da International Chair in Bioethics, Rui Nunes, afirmou ver as tecnologias digitais e a IA não apenas como ferramentas, mas como uma verdadeira mudança de paradigma para a sociedade e para a medicina. Otimista quanto ao potencial dessas aplicações para melhorar a qualidade da assistência, ele ressaltou que os médicos que se dispuserem a aprender e a imergir nesse novo ambiente têm a chance de se tornar “ainda melhores”. Ao mesmo tempo, chamou atenção para dilemas complexos, como autoria científica, direito de patente e integridade acadêmica em pesquisas que utilizam intensamente sistemas de IA.

Nunes ponderou que a crescente opacidade dos modelos de IA – cuja lógica interna pode se tornar incompreensível até para as mentes humanas mais brilhantes – tende a comprometer a explicabilidade e a reprodutibilidade de estudos científicos, pilares da medicina baseada em evidências. Para ele, a construção de uma “IA confiável em saúde” depende de diretrizes claras, com transparência sobre o uso dessas ferramentas, além do fortalecimento da proteção de dados e da privacidade (sobretudo diante do alto valor comercial das informações em saúde).

Na sequência, o diretor do Hospital Pequeno Príncipe (Curitiba/PR), Donizetti Dimer Giamberardino Filho, abordou os “Limites da tecnologia na relação médico-paciente” e reforçou que o vértice da profissão médica continua sendo esse vínculo. Ele resgatou a evolução histórica dessa relação – dos atendimentos domiciliares de forte confiança pessoal ao modelo hospitalar especializado pós-revolução industrial – para mostrar como a revolução digital reabre o desafio de preservar a dimensão humana no cuidado, em um contexto de alta tecnologia.

Giamberardino destacou que a autonomia do paciente depende de informação clara e adequada e que autonomia e responsabilidade caminham juntas, tanto para o médico quanto para quem recebe o cuidado. Ao tratar da IA, apontou riscos de redução do julgamento crítico, falta de transparência dos algoritmos e percepção limitada, por parte do paciente, da influência dessas ferramentas nas decisões clínicas. Enfatizou, porém, que a tecnologia não é um agente moral: o médico continua sendo o responsável ético e legal pelas condutas. Para ele, a saúde digital deve complementar – e jamais substituir – a presença, a empatia e o modelo de medicina centrada na pessoa.

Encerrando o painel, o chefe da disciplina de Telemedicina da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), Chao Lung Wen, falou sobre “O impacto da telemedicina na humanização do atendimento”. Ele defendeu que a chamada ética digital é hoje tão relevante quanto a ética social, numa realidade em que o mundo físico e o ambiente online se entrelaçam. Lembrou que há robusto respaldo científico internacional à telemedicina para ações bem definidas e argumentou que, em muitos contextos, negar ao paciente um recurso comprovadamente eficaz pode ser, em si, uma forma de desumanização.

Chao apontou que ampliar o acesso, evitar deslocamentos desnecessários e reduzir o sofrimento associado a viagens longas ou dificuldades logísticas são formas concretas de humanizar o cuidado por meio da telemedicina.

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