Média salarial é de R$ 8.038,51, mas certames chegam a oferecer R$1.166,00 para jornada de 40h
Levantamento feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) a partir dos concursos públicos com inscrições abertas no mês de maio, quando se celebra o Dia Internacional do Trabalho, indica: a remuneração da atividade médica no serviço público sofreu expressiva queda. Na pesquisa, mais da metade dos salários oferecidos (52,58%) não ultrapassa R$ 8 mil mensais, valor apontado no estudo Demografia Médica 2015 como renda máxima declarada por 20% dos profissionais brasileiros.
Entre os vencimentos previstos para uma carga horária de 20 horas semanais, R$ 8 mil mensais foi o máximo oferecido. O valor foi verificado em Quedas do Iguaçu, no Paraná. Donizetti Giamberardino Filho, conselheiro do estado no CFM, avalia que “o valor é o maior do Brasil, mas está abaixo do piso salarial pleiteado pela Federação Nacional dos Médicos (FENAM)”. O valor definido pela federação é de R$ 12.993,00 para o mesmo período.
O pior salário oferecido entre os certames analisados é o da Prefeitura de Sapé (PB): R$ 1.166,00 para 40 horas semanais. Essa é a jornada exigida dos médicos da Estratégia de Saúde da Família (ESF), cujo per l é o procurado em 44% das vagas disponíveis em 99 concursos analisados em 19 estados de todas as regiões brasileiras. Dentre as 221 vagas disponíveis para esses profissionais, o levantamento aponta uma média de R$ 8.994,71 – 12% acima da média nacional de R$ 8.038,51.
Média – O mais alto vencimento apurado é o oferecido pela Prefeitura e pela Câmara Municipal de Água Boa, em Mato Grosso. O valor é de R$ 19.564,11. A seleção dispõe de três vagas para generalista (médico sem título de especialista) com carga horária de 40 horas na ESF. Os processos seletivos em Mato Grosso dispõem de remuneração média de R$ 11.824,44, a maior do Centro-Oeste e a segunda maior entre os estados brasileiros, atrás apenas de Santa Catarina (R$ 11.867,88).
De forma geral, incluindo os que não atuam no ESF, a média de salários previstos na região Sul é a maior do país (R$ 10.548,54). Foram analisados 31 concursos da região, que oferecem 237 vagas no Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O montante é mais que o dobro da média prevista nos concursos do Nordeste. Na região, que teve 26 concursos analisados (293 vagas) nos Estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte, a média salarial – de R$ 4.918,08 – é a menor.
A região Norte é a segunda pior colocada. Foram verificados sete concursos com 36 vagas no Acre, Amazonas, Pará e Tocantins, e a média de remuneração é de R$ 6.676,79. As discrepâncias dentro da própria região são significativas: enquanto o município de Curralinho (PA) oferece remuneração de R$ 10 mil para especialista em cirurgia geral e R$ 8 mil para generalista para 30 horas semanais, em Igarapé-Açu (PA), a remuneração é de R$ 4 mil para generalista por 40 horas semanais.
No Sudeste, foram analisados 22 concursos com média salarial de R$ 7.823,78. O menor salário oferecido foi verificado em Três Corações (MG): R$ 1.446,57 por 20 horas semanais para médicos de especialidades como medicina do trabalho, cardiologia, urologia, dermatologia e cirurgia plástica.
Já o município de Carneirinho (MG) oferece o maior valor da região (R$ 16.660,26) e o se[1]gundo maior entre todos os editais analisados. O coordenador da Câmara Técnica de Medicina de Família e Comunidade do CFM, Leonardo Sérvio Luz, afirma que, “na maioria desses locais, não há plano de cargos e salários. Sendo assim, não há progresso por meritocracia quando o profissional adquire novos conhecimentos por meio de especializações, mestrados ou doutorados”.