Os 408.748 médicos que escolheram os conselheiros efetivos e suplentes das 27 unidades da Federação do País que comporão o Conselho Federal de Medicina (CFM) entre 2024 e 2029 representam 75% do colégio apto a votar e configuram a maior marca da história da Autarquia em eleições de qualquer natureza.
Do total de 598.573 médicos ativos no País este ano, 543.395 estavam em condições de exercer o direito do voto, ou seja, estavam com seus dados cadastrais atualizados e não possuíam pendências administrativas ou financeiras com os Conselhos Regionais de Medicina (CRMs).
Nas últimas eleições para a disputa dos mesmos cargos, em 2019, o índice de comparecimento às urnas foi de 54%, ou seja, 21 pontos percentuais abaixo do que foi alcançado este ano. Na época, o colégio eleitoral era de 494 mil, cerca de 50 mil médicos a menos que a quantidade atual.
Ao contrário das eleições de 2019, em que os médicos precisavam se dirigir aos locais de votação ou votar por correspondência, desta vez a votação foi online. A novidade foi reflexo do êxito das eleições para os Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) realizadas em 2023, que contaram com 77% de participação.
Para o presidente do CFM, José Hiran Gallo, o índice de 75% de participação dos médicos, alcançado na votação desse ano, está alinhado com o que foi atingido no pleito de 2023, quando foram eleitos os membros dos CRMs, e também com o índice de 79% atingido na última edição das eleições gerais nacionais, em 2022.
Legitimidade – Na avaliação do cientista político Geraldo Thadeu Monteiro, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), uma eleição com um índice de participação de 75% do eleitorado pode ser considerada representativa e em condições de conferir legitimidade aos eleitos. “Estamos falando de um universo muito significativo, ainda mais se comparado aos pleitos anteriores do próprio CFM, em que os índices foram bem menores”, afirmou.
Monteiro comparou o percentual de participação dos médicos brasileiros no processo eleitoral do CFM com o verificado nas eleições nacionais gerais do país. “Se você fizer uma comparação, verá que fica no mesmo patamar. Quanto mais votos, mais legitimidade tem os eleitos. O voto legitima o Estado Democrático de Direito. Por isso, sem dúvida, estamos diante de um bom índice de participação no Conselho”, disse.
A professora Maria Tereza Sadek, do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP), também considerou o percentual de participação dos médicos muito significativo, o que, na sua avaliação, resulta em maior legitimidade do processo eleitoral. “Sem dúvida, é um número bastante alto”, comentou. Ela pontuou ainda sobre a importância do médico para a sociedade brasileira e disse que espera que os eleitos priorizem a universalização dos serviços de saúde e sua qualidade em detrimento de debates político-partidários.
Campanha – Essa alta participação foi alcançada graças ao empenho do Conselho Federal de Medicina nos preparativos para o pleito. Gallo sublinhou que foi implementada uma intensa campanha publicitária explicando aos médicos detalhes do processo, enfatizando a necessidade de atualização dos dados cadastrais e reforçando a importância do voto. Desde abril, foram enviados pelo menos 20 e-mails marketing para os médicos brasileiros.
Além dos e-mails marketing, desde abril, o CFM postou cerca de 30 materiais inéditos em seus perfis de redes sociais. Esse conteúdo teve grande repercussão: as postagens alcançaram um total de 232 mil pessoas no Facebook e no Instagram. Entre os materiais publicados, destacaram-se oito vídeos institucionais e tutoriais.
O conteúdo também foi disponibilizado aos CRMs para que reforçassem com suas equipes locais a publicização dos dados do pleito. O material informativo também foi encaminhado nos grupos organizados pelo CFM no WhatsApp para envio de mensagens e comunicados institucionais.