
Fortes: CFM está preocupado com valorização de especialistas da área
A atuação do médico do esporte e aspectos clínicos dos atletas de alto desempenho foram debatidos pelos participantes do III Fórum de Medicina do Esporte realizado em julho, em Brasília (DF), sob organização do Conselho Federal de Medicina (CFM). Na mesa “Responsabilidade médica em clubes esportivos”, os médicos Samir Salim Daher, Serafim Borges e Ricardo Munir Nahas falaram sobre a responsabilidade de médicos em clubes esportivos e sobre as avaliações cardiológicas e ortopédicas de atletas.
Diretor do Departamento de Medicina do Exercício e do Esporte do Clube Pinheiros, em São Paulo, Daher defendeu maior divulgação das resoluções do CFM que regulamentam a medicina do esporte. “Nos clubes de futebol já temos serviços organizados. Precisamos que o mesmo ocorra nas outras modalidades esportivas”, argumentou. Já o cardiologista do Clube de Regatas Flamengo e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Serafim Borges, expôs as atribuições do cardiologista em uma equipe de futebol, os efeitos cardiovasculares do condicionamento e os protocolos de avaliação usados pelos médicos brasileiros.
“Os brasileiros valorizam a anamnese, o exame físico e o ECG de repouso”, comentou. Serafim também mostrou como estava o condicionamento dos jogadores brasileiros na Copa das Confederações e na Copa do Mundo. “Estavam todos em ótimas condições físicas”, atestou.
Ricardo Munir Nahas, ortopedista e coordenador do Centro de Medicina do Exercício e Esporte do Hospital 9 de Julho, em São Paulo, fez uma exposição sobre a avaliação ortopédica para atletas de alto desempenho. Ele mostrou imagens de vários casos clínicos e comentou sobre as melhores indicações de tratamento existentes.
“O médico do esporte tem a agudização como grande inimiga. Trabalhamos em zonas de compensação com indivíduos que vão se lesionando gradativamente até que ocorra um evento traumático”, explicou.
Durante o fórum, também se abordou o tema “Implicações práticas em medicina do esporte”. O cardiologista e médico do esporte Nabil Ghorayeb, que falou sobre a prevenção da morte súbita no esporte, afirmou que o melhor caminho para evitá-la é boa avaliação prévia e eficiente ressuscitação, procedimento que precisa ser mais disseminado. “Atividade física não causa morte; as causas estão no excesso, no abuso e nas doenças preexistentes”, defendeu o especialista.
Rosylane Mercês Rocha, conselheira federal pelo Distrito Federal e médica do trabalho, falou sobre a necessidade de atestado médico para a liberação de atividades físicas em academias e clubes sociais. Depois de mostrar como o tema é tratado em resoluções do CFM e em outros normativos, ela concluiu que, a depender das leis estaduais, é possível não se exigir o atestado, “mas, diante dos casos de morte em academias, é possível abrir mão desse cuidado?”, questionou.
Ao apresentar as conclusões finais do III Fórum de Medicina do Esporte, Emmanuel Fortes afirmou que as discussões serão usadas como subsídio para a elaboração de resoluções e pareceres. “Também vamos continuar lutando pela valorização da medicina do esporte. Não há quem nos canse”, afirmou, reforçando que o CFM continuará trabalhando pela exigência do atestado médico para a realização de atividades físicas em academias.
Segundo ele, dar seguimento ao tema é um compromisso do CFM para com os médicos e com a sociedade.