O Conselho Federal de Medicina (CFM) deu início, nesta quinta-feira (3), ao 1º Seminário Virtual de Inteligência Artificial: Regulação e Algoritmo na Medicina. A iniciativa inédita marca a abertura de um ciclo de debates sobre o impacto da Inteligência Artificial (IA) na prática médica e os desafios regulatórios impostos por essa nova realidade.
Transmitido ao vivo pelo canal do CFM no YouTube, o evento tem como objetivo reunir especialistas para discutir os caminhos da regulação da IA na área da saúde, com foco nas experiências do Brasil, Estados Unidos e Europa.
Durante a abertura, o presidente do CFM, conselheiro federal José Hiran da Silva Gallo, destacou o compromisso da autarquia com a atualização constante diante das transformações tecnológicas. “A IA é uma realidade no nosso país. O CFM, preocupado com essa ferramenta, não ficou para trás: criamos o Departamento de Inteligência Artificial do CFM para apoiar na formulação de nossas atitudes. Como presidente, não poderia deixar de participar da abertura desse evento. Este é o melhor seminário que poderíamos entregar ao médico brasileiro”, afirmou.
O conselheiro federal Jeancarlo Fernandes Cavalcante, responsável pelo departamento de Inteligência Artificial e terceiro vice-presidente do CFM, reforçou a relevância do encontro. “Estamos ancorados em dois eixos: regulação e aplicação. Este é o primeiro evento do CFM com foco exclusivo em Inteligência Artificial. Iniciamos esse debate com uma palestra sobre os desafios regulatórios dessa tecnologia na saúde”, disse.
A primeira conferência do seminário, foi conduzida pelo médico e professor Carlos Eduardo Domene, livre-docente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Em sua apresentação, Domene abordou os principais conceitos, a complexidade da regulação da IA e os riscos envolvidos no uso indiscriminado da tecnologia.
“O conceito de IA não é novo, mas sua aplicação no dia a dia da Medicina é recente e crescente. Para regular, é preciso compreender como esses algoritmos são desenvolvidos e treinados, quais dados estão sendo utilizados e como se dá o aprendizado das máquinas. A qualidade das informações é fundamental: se entra lixo, sai lixo”, alertou.
Domene também destacou aspectos éticos e legais, como a responsabilização por erros, o sigilo médico, a adequação à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e a opacidade dos algoritmos, frequentemente chamados de “caixa-preta”. “A IA vai permear todas as fases do cuidado com o paciente, do consultório ao pós-operatório. O desafio da regulação está em equilibrar segurança, inovação e responsabilidade”, pontuou.
A primeira palestra foi secretariada pela conselheira federal Dilza Ambrós Ribeiro – membro da Comissão de Inteligência Artificial. O seminário segue com outras palestras e debates. Para acompanhar a programação em sua íntegra acesse: https://www.youtube.com/watch?v=DihUZ2vv2rM.