O Conselho Federal de Medicina (CFM) participou, nesta terça-feira (6), de uma audiência pública na Câmara dos Deputados dedicada ao debate sobre os prejuízos causados pelo uso de cigarros eletrônicos por crianças e adolescentes. O evento, promovido pela Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família (CPASF), atendeu ao Requerimento nº 11/2025, de autoria do deputado Allan Garcês (PL-MA), e reuniu representantes de diversas instituições da área da saúde.
Representando o CFM, o conselheiro federal Alcindo Cerci Neto, do estado do Paraná, destacou em sua fala os impactos negativos que esses dispositivos causam especialmente entre os mais jovens, alertando para o caráter viciante e enganoso dos chamados dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs).
“O cigarro eletrônico é apenas uma nova forma de fumar. Ele moderniza o ato de fumar, mas continua sendo uma forma de dependência à nicotina, com todos os seus malefícios. Não é vapor d’água. Há substâncias cancerígenas ali. Precisamos combater esse discurso que mascara os verdadeiros danos desses produtos”, afirmou o conselheiro.
Durante sua exposição, o conselheiro também reforçou que o apelo visual e tecnológico dos cigarros eletrônicos — com design moderno e cores vibrantes — contribui diretamente para atrair crianças e adolescentes. Ele classificou essa estratégia como parte de um novo modelo de negócios da indústria do tabaco, que visa substituir a queda no consumo do cigarro tradicional com a popularização dos DEFs.
“Estamos diante de uma nova geração de dispositivos que se modernizam como os celulares. Quanto mais modernos, mais atraentes e mais viciantes. E é justamente isso que seduz os jovens”, acrescentou o representante do CFM.
A audiência contou ainda com a presença de especialistas como Ricardo Meirelles, da Associação Médica Brasileira; Jaqueline Scholz, do Instituto do Coração (USP); Maria Enedina Scuarcialupi, da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia; Mariana Pinho, da ACT Promoção da Saúde; e Felipe Lacerda Mendes, da Comissão Nacional de Controle do Tabaco do Ministério da Saúde.
Ao abrir a sessão, o deputado Allan Garcês destacou dados preocupantes: 16,8% dos estudantes entre 13 e 17 anos já experimentaram cigarros eletrônicos, o que indica uma crescente epidemia entre os jovens. Para o parlamentar, o tema exige a construção de políticas públicas mais efetivas, com o envolvimento direto da comunidade médica.
A participação do CFM reforça seu compromisso com a promoção da saúde e a proteção das novas gerações frente aos riscos do tabagismo eletrônico, reiterando sua posição técnica e ética diante de temas que afetam diretamente a saúde da população.