Teve início nesta quarta-feira (08/06) o IV Encontro Luso-Brasileiro de Bioética e o I Encontro Ibero-Americano de Bioética do Conselho Federal de Medicina (CFM). Com o tema “Futuro pós-pandemia”, ao longo de dois dias um conjunto de especialistas do Brasil, Portugal e Espanha debatem temas relacionados aos desafios da ética global, dos direitos fundamentais, do estado social e da conduta médica.
Os dois encontros internacionais contam com ampla participação e com o apoio do CRM-MG e da Universidade do Porto. Cerca de 250 médicos, magistrados, estudantes e interessados no assunto lotaram o auditório do Hotel Mercure Lourdes, na capital mineira, para acompanhar o evento que termina nesta quinta-feira (9).
Durante a abertura, o presidente do CFM, José Hiran da Silva Gallo, ressaltou que os encontros darão subsídios para ajudar a entender o impacto da pandemia de covid-19 sobre o exercício da medicina. Segundo defendeu ele, é preciso avaliar a pandemia de forma global a fim de permitir avançar, corrigir rumos e aperfeiçoar caminhos.
“As crises, por piores que sejam, têm um papel em nossas vidas. Após atravessarmos essas tempestades, temos que estar prontos para avaliar os estragos e as possibilidades. Esperamos que a bioética seja um instrumento a mais para traçarmos caminhos para o futuro com segurança, respeito à ciência, justiça, autonomia e, sobretudo, ética”, destacou Gallo.
A mesa de abertura do evento também foi composta pela presidente do CRM-MG, Ivana Raimunda de Menezes Melo; pelo diretor do Programa Doutoral em Bioética da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Rui Nunes; pelo presidente da Comunidade Médica de Língua Portuguesa, Jeancarlo Cavalcante; e pelo diretor do CFM e conselheiro federal pelo Estado de Minas Gerais, Alexandre de Menezes Rodrigues.
Debates – O professor e doutor, Rui Nunes, foi o palestrante da primeira conferência do evento que tinha como tema “Covid-19: uma ética global para um mundo pós-pandemia”.
De acordo com ele, os avanços tecnológicos impulsionados pela pandemia fizeram surgir a figura do médico digital que se valerá, a partir de agora, da inteligência artificial em sua prática profissional. “Essas novas tecnologias terão que levar em conta um novo humanitarismo, centrado em um atendimento igualitário a todos os pacientes”, defendeu Nunes.
A conferência foi seguida por debates de duas mesas redondas: “Bioética e Contemporaneidade” e “Práticas, vivências e ensinamentos que salvam vidas”.
Na primeira atividade, o palestrante espanhol, Juan José Rodriguez Sendi, enfatizou a necessidade de se ter – em todo mundo – o acesso justo aos medicamentos. “Infelizmente por não ter possibilidade para adquirir mínimos medicamentos necessários, muitos pacientes morreram e morrem todos os dias”, relatou um dos maiores ativistas europeus que lutam por medicamentos mais acessíveis.
Seguindo a programação, o palestrante português, Paula Maia, destacou a importância da mobilização da categoria médica mundial no enfrentamento de uma pandemia que no início foi marcada pelas incertezas. “Essa mobilização contribuiu para mitigar muitos problemas”, reforçou o professor.
O IV Encontro Luso-Brasileiro de Bioética e o I Encontro Ibero-Americano de Bioética se estendem até esta quinta-feira (9) com debates sobre os desafios da assistência à saúde no Brasil e debates sobre a tomada de decisão em situações clínicas especiais. Ao final do evento, será realizada a leitura da Carta de Minas Gerais.