
Eleições: médicos foram candidatos em todos os estados brasileiros (Foto: José Cruz/Agência Brasil)
Em meio às 29 mil candidaturas apresentadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas eleições de 2018 para todos os cargos, 605 declararam ser médicos. A formação assume a quarta posição entre as profissões declaradas pelos candidatos nesse ano, segundo análise do Conselho Federal de Medicina (CFM). As ocupações mais frequentes em 2018 foram as de empresário (2.600), advogado (1.599) e deputado (1.085).
Os cargos a deputados estadual e distrital foram os mais procurados pelos médicos. Ao todo, 352 se apresentaram para assumir o cargo político nas Assembleias Legislativas. Em segundo lugar na lista de interesse dos pretendentes médicos vem a Câmara dos Deputados, que somou 221 nomes. Na sequência, constam as vagas a vice-governador (13), senador (11) e governador (6), além dos cargos a vice- -presidente e presidente da República, ambos com um único candidato médico.
Para o conselheiro Salomão Rodrigues, membro da Comissão de Assuntos Políticos do CFM, o atual momento vivido no País exige reflexões sobre a atuação da classe médica brasileira, que deve estar atenta aos rumos políticos. “Não basta exercer bem a medicina, muitas vezes driblando obstáculos e superando desafios decorrentes do descaso do governo com a saúde”, pontuou. Destaca também a importância de se ampliar a participação política dos médicos em todos os níveis: “Os médicos são importantes agentes políticos, em defesa das causas públicas. Por isso, precisamos ter mais desses profissionais ocupando cadeiras nas Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas, Congresso Nacional. Trata-se de uma renovação essencial para a saúde e a política nacional”.
Brasil afora – Houve a candidatura de profissionais da medicina em todos os estados brasileiros. Da região Sudeste saiu a maior parte dos interessados em ingressar na política: São Paulo (com 87 candidatos médicos), Minas Gerais (62) e Rio de Janeiro (53). Com menos pretendentes estão estados menores, em termos populacionais, como Acre (3), Alagoas (4) e Sergipe (8).
“Por formação, o médico naturalmente não procura proximidade com a política. No entanto, isso é inerente à cidadania. No contato diário com a população, o profissional tem a oportunidade, por exemplo, de esclarecer que não é o médico o culpado pelo caos instalado na assistência”, destaca o 3º vice-presidente do CFM, Emmanuel Fortes, que em outubro concorreu a uma vaga de deputado federal pelo estado de Alagoas.
Fortes cita como exemplo a implantação intempestiva do Programa Mais Médicos para ressaltar a importância de a classe médica intensificar sua atuação política. “Precisamos de autoridades comprometidas com a saúde da população brasileira, cujos interesses não estejam voltados para programas de governo, mas para melhorias estruturantes na política nacional de recursos humanos, nas condições de trabalho para o exercício da medicina e também preocupados em estudar um financiamento adequado e compatível com as necessidades do Sistema Único de Saúde”.

Fonte: TSE/CRMs
Nos municípios, há destaque
Nos municípios, 831 médicos brasileiros também têm participação ativa na política local. De acordo com dados do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e informações dos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs), em todo o País, 272 prefeituras são administradas por médicos e outras 214 também dispõem desses profissionais no cargo de vice-prefeito.
No Poder Legislativo de 349 cidades brasileiras, há 348 médicos eleitos como vereadores. Confira a seguir o número de
médicos em atividade na política municipal.
Representação na Câmara dos Deputados cai
O alto índice de renovação política resultante das eleições mexeu com o perfil da Câmara dos Deputados, que terá um aumento da representação de militares e líderes evangélicos, enquanto professores e médicos terão participação menor. Segundo informações preliminares da secretaria-geral da Câmara e do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), que monitora a atuação política no Congresso Nacional, o número de médicos caiu de 44 para 36.
Os números podem sofrer alteração no próximo ano, pois nem todos os parlamentares indicaram todas as áreas profissionais em que atuam. Há, por exemplo, casos de deputados ou empresários que declaram uma dessas ocupações como primária, sem indicação da formação.
De acordo com o Diap, o perfil profissional informado pelos 513 parlamentares que assumem o cargo neste ano mostra que o principal contingente será de empresários e administradores de empresas (135) e de advogados (102), com quase metade das cadeiras na Câmara – perfil semelhante ao do mandato anterior. Professores, que formavam a terceira maior bancada da Casa, com 75 membros, caíram para 47.
O perfil médio dos 85 médicos se assemelha ao dos demais eleitos. O cenário político está composto, principalmente, por homens, brancos e casados. A idade média é de 54,3 anos e a proporção de mulheres continua a ser inferior à de homens: apesar da crescente feminilização da medicina, elas assumiram apenas 15,3% das vagas preenchidas por médicos.