Os efeitos da violência sobre crianças e adolescentes e o papel do pediatra para ajudar esses pacientes foram debatidos na manhã de 17 de novembro de 2017, em Brasília, no III Fórum de Pediatria, promovido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). “Este é um problema que perpassa o dia a dia do pediatra e podemos contribuir para quebrar o ciclo de agressões, já que a tendência é que uma criança agredida venha a ser agressora no futuro”, argumentou o coordenador da Câmara Técnica de Pediatria do CFM, conselheiro Sidnei Ferreira, que representou a autarquia na mesa de abertura.

Fórum de Pediatria debateu os papeis da família, da escola e da mídia no combate à violência contra crianças

Também participaram da mesa de abertura, o primeiro e o segundo vice-presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Clóvis Constantino e Edson Liberal, que elogiaram a iniciativa do CFM em promover um Fórum para debater a violência contra a infância e a adolescência. A primeira mesa redonda, que teve como tema “A prevenção da violência contra crianças e adolescentes”, tratou do papel da mídia, do lar e da escola na promoção da paz. “A violência contra a criança é quem mais se pereniza, pois tem consequências futuras, daí a importância de debatermos como ela pode ser prevenida”, afirmou o presidente da mesa, conselheiro federal Celso Murad.

O papel da mídia foi abordado pela professora da Faculdade de Medicina da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Evelyn Eisenstein, que se mostrou preocupada com a violência nas redes sociais. “40% do que se divulga são mensagens de ódio. A apresentação pode ser acessada aqui.

A professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro e diretora do Departamento Científico de Segurança da Criança e do Adolescentes da SBP, Ana Lúcia Ferreira, responsável pela palestra sobre o papel da família, criticou a cultura da palmada. Acesse a apresentação aqui.

Para a professora da Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória, Rosana Alves, que falou sobre o papel da escola no combate à violência, esta sempre vai existir, mas pode ser evitada. Rosana também afirmou que as equipes de saúde da família podem ter um papel importante para identificar a violência contra crianças e adolescentes. A apresentação pode ser acessada aqui.

Ética e legalidade – A segunda mesa redonda do horário da manhã do III Fórum de Pediatria debateu o tema “Fundamentos éticos e legais do atendimento a vítimas de violência”, que debateu os limites do pediatra para denunciar uma situação de violência infantil, sem que seja quebrada a confidencialidade. O primeiro palestrante foi o psiquiatra infantil Maurício Santos de Sousa, que relatou casos clínicos e discorreu sobre os casos mais comuns de urgência infantil psiquiátrica. A apresentação pode ser acessada aqui.

Em seguida, o corregedor do CFM, José Fernando Maia Vinagre, falou sobre os fundamentos éticos no atendimento a vítimas de violência. Para Vinagre, é dever da família, da sociedade e do Estado proteger a criança e o adolescente. Acesse aqui a apresentação. Em seguida, o coordenador jurídico do CFM, José Alejandro Bullón Siva, que falou sobre a definição legal da violência infantil e explicou as mudanças no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) promovidas pela lei 13.431/17. A apresentação pode ser acessada aqui.

Álcool e drogas – A segunda parte do fórum debateu os efeitos deletérios do consumo de álcool e do uso de drogas no desenvolvimento de crianças e adolescentes, com reflexos na vida adulta. A primeira apresentação, do professor e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) João Paulo Becker Lotufo, trouxe dados epidemiológicos sobre o consumo de tabaco e álcool.

Segundo Lotufo, o consumo de álcool por parte dos adolescentes causa afogamento, gravidez indesejada, doenças sexualmente transmissíveis e problemas escolares, entre outros transtornos, já que geralmente o álcool é a porta de entrada para as drogas ilícitas. Como forma de diminuir “a epidemia do consumo de álcool e drogas”, ele sugeriu a adoção de medidas políticas, como o fechamento de bares a partir das 23h e a sobretaxa de bebidas alcóolicas, “que podem fazer muito mais efeito do que aconselhamentos nossos”. Lotufo também falou sobre o projeto www.drbarto.com.br, no qual ele realiza trabalhos de prevenção em escolas municipais de São Paulo. A apresentação pode ser acessada aqui.

Em seguida, o coordenador do Núcleo de Estudos e Tratamento do Tabagismo (NETT) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Alberto José de Araújo, discorreu sobre o consumo de maconha e crack. “Temos de quebrar o mito de que a maconha é inofensiva. Seu consumo causa problemas de concentração, na capacidade de aprendizagem e memória”, argumentou. Já o crack causa a síndrome do zumbi, “em que a pessoa não está morta, mas também não está viva”. Pesquisa realizada pela Fiocruz em 2013 mostrou que 370 mil brasileiros usam drogas regularmente, sendo que 10% das mulheres entrevistadas estavam grávidas, “e provavelmente seus filhos apresentarão síndrome de abstinência”. Acesse aqui a apresentação.

Os aspectos legais relacionados ao consumo de drogas foram abordados pela coordenadora do Departamento Científico de Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Renata Waksman. Após explicar como evoluiu a legislação internacional e nacional quanto à criminalização do consumo, Renata defendeu medidas para reduzir o consumo do álcool, como o aumento da carga tributária sobre bebidas, maior fiscalização quanto à idade mínima e uma maior regulamentação da propaganda. A apresentação pode ser lida aqui.

 

A profilaxia em relação à dependência química em adolescente foi o tema do diretor do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) e médico do Hospital de Base de Brasília, psiquiatra infantil Thiago Vieira. Em sua apresentação, ele apresentou os fatores que tornam um adolescente mais vulnerável, como a exposição a eventos traumáticos e ao consumo de álcool e drogas pela mãe durante a gravides, a facilidade de acesso e o contato com outros usuários. O modelo familiar também pode ser um fator. “Famílias autoritárias, negligentes ou indulgentes implicam riscos. Já o modelo autoritativo, em que esteja presente muito amor, com limites, é o mais apropriado”, defendeu. Leia, aqui, a apresentação.

Durante os debates, os especialistas aboraram a necessidade de os médicos, independentemente da especialidade, trabalharem na prevenção do uso de álcool e drogas. “Em toda consulta, falamos sobre a importância de a pessoa evitar o tabaco, precisamos ter o mesmo comportamento em relação ao álcool e às drogas ilícitas”, defendeu Lotufo.

 

 

 

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