Escrito por Wilmar de Athayde Gerent*
O cenário da medicina vive hoje uma série de desafios para todos os profissionais que atuam no setor. Entre eles, destacam-se as urgentes necessidades de valorização e de humanização da relação médico-paciente. A recente paralisação dos médicos peritos, provocada pela falta de segurança, que culminou com o assassinato de uma especialista na área, é a demonstração mais atual de que é preciso diagnosticar e tratar esta grave doença que nasce em meio aos avanços tecnológicos que salvam vidas.
No momento em que a violência chega aos consultórios, em que o “paciente” agride verbal e fisicamente o médico, faz-se necessária uma reflexão sobre a sociedade em que vivemos e até onde queremos ou podemos chegar. Indispensável também que se avalie de perto as condições de trabalho dadas àqueles que escolheram a medicina como mister, que já enfrentam dificuldades em receber uma justa remuneração, apesar de serem responsáveis pelo mais elementar e fundamental direito de todo o cidadão: a saúde.
Na verdade, a “insegurança pública” traz à medicina mais uma mazela das incoerências políticas praticadas no Brasil e gera mais um sério risco, tanto para quem presta quanto para quem recebe o atendimento. Afinal, na relação entre o médico e o paciente, a confiança faz parte do tratamento e interfere na terapêutica prescrita.
A conseqüência de tanto descaso é a transformação da violência numa das mais modernas doenças da humanidade. Um mal que tem como principais remédios o respeito e a dignidade.
Por tudo isso, o Conselho Regional de Medicina do Estado de Santa Catarina une-se aos médicos de todo o País, às demais entidades médicas e à população brasileira para exigir de nossos governantes atuais e futuros os instrumentos necessários para a prática de uma medicina independente, solidária e compromissada com o povo brasileiro.
* É presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de Santa Catarina (Cremesc).
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