Escrito por Marco Aurélio Smith Filgueiras, neurologista e conselheiro suplente do CRM-PB


Estima-se que Hipócrates na Grécia Antiga fez esta afirmação em seu famoso Juramento que foi escrito originalmente no século IV a.C. Esta declaração, assim como boa parte do texto original, foi simplesmente omitida e, portanto é desconhecida de nós. É sobre esta questão que estamos nos baseando para desenvolver nosso artigo.

Extraímos os trechos desse documento histórico do site Medicina do Estilo de Vida, com explicações do autor ao término de cada parágrafo e comentários nossos principalmente ao final.

“E é assim que o juramento de Hipocrates se inicia, com a invocação solene: “Eu juro por Apolo o Medico, e por Esculápio, Higéia e Panacéia, tendo como testemunhas todos os deuses e deusas…”

A palavra Apolo (em grego Apólon) dá origem às palavras redimir/salvar/resgatarpurificação (ἀπόλουσις). Apolo é um personagem mitológico, filho de Zeus (rei dos deuses do Olimpo). Além de ser um dos deuses mais importantes do Olimpo, Apolo também é conhecido como deus da luz e do Sol, da verdade e da profecia, da medicina e da cura, das artes, da poesia e da musica. (ἀπόλυσις)

A medicina e a cura eram associadas a Apolo, e também pela mediação de seu filho, Esculápio. Higéia (Υγεία) na Mitologia grega é filha de Esculápio, era associada à prevenção de doenças, era a deusa da saúde, da limpeza e do saneamento. Seu nome deu origem à palavra higiene.

Panacéia (em grego Παυάκεια) é irmã de Higéia, portanto filha de Esculápio e neta de Apolo. Panacéia detinha uma poção, com a qual curava os doentes. Daí surgiu o termo panacéia, utilizado até hoje para descrever um medicamento capaz de curar muitas doenças, ou “remédio universal” capaz de solucionar todos os males.

“Eu vou nutrir a mesma afeição que tenho para com meus pais àquele individuo que me ensinou esta arte, ser dele um parceiro na vida e preencher suas necessidades quando requisitado; considerar os filhos dele como iguais aos meus próprios irmãos…”

O medico jura, em primeiro lugar, ser profundamente agradecido ao Mestre que lhe ensinou esta Arte, e a considerar os filhos de seu Mestre como seus próprios irmãos.

E este é o trecho que está sendo omitido das traduções:

“Também prescreverei regimes de estilo de vida que beneficiem meus pacientes, de acordo com minha melhor capacidade e julgamento, e eu não vou lhes causar mal, ou causar-lhes maus tratos. Não darei droga letal para ninguém…”. Na tradução latina do juramento de Hipocrates, encontra-se a palavra victus. Victus também significa estilo de vida, modo de vida, qualidade de vida, além do significado mais conhecido que possui de provisões, nutrição, alimentos. Está escrito Victus quoque rationem: “Estilo de vida também prescreverei”.

No tocante a seus pacientes, o médico jura, antes de mais nada, tratá-los com orientações de estilo de vida que lhes tragam benefícios. O texto original em grego fala em prescrição de diaita. Ao contrario do moderno significado de “dieta”, a palavra diaita não dizia respeito apenas a hábitos alimentares, mas sim a exercícios físicos, hábitos de trabalho, saúde mental, comportamento sexual, padrões de sono, higiene corporal etc.

O Juramento ensina que o médico deve se interessar pela maneira  de viver de   seu paciente e orientá-lo para melhorar sua qualidade de vida. Sua função não é apenas prescrever remédios, mas muitas vezes tão só e somente “qualidade de vida”.

Mas infelizmente nós médicos no mundo ocidental que exercemos a Medicina Alopática ou Convencional, fomos educados a resolver problemas relacionados à saúde colocando as drogas como prioridade.

Sentimo-nos na nossa vida profissional frequentemente pressionados a prescrever um ou vários medicamentos. A polifarmacoterapia está se tornando uma constante principalmente se o paciente é idoso, poliqueixoso e que visita continuamente médicos.  O excesso de drogas faz mal e pode ser letal. Será que Hipocrates, quando afirmou “não darei droga letal para ninguém”,não estaria se referindo as drogas de uma maneira geral até mesmo as farmacêuticas especialmente em associações prejudiciais e doses excessivas?

O próprio paciente, induzido por outros ou pela mídia, ou se automedica ou nos procura para obter um “comprimido milagroso”, para ter todos seus males resolvidos rapidamente.

Entretanto, sabe que para ter saúde é necessário, por exemplo, acordar cedo caminhar, tomar sol, fazer exercícios ou praticar hidroginástica ou natação. Precisa ainda sujeitar-se a uma alimentação saudável, que restrinja as gorduras, frituras, doces, etc.

Esse tão esperado “milagre” não é assim tão fácil. Exigirá esforço, treinamento, persistência, dependerá também das recomendações do profissional médico quanto à necessidade de iniciar um programa de exercícios e de dieta,  aliada à sua vontade de mudar, de melhorar seu estilo de vida, sem o qual nada é possível.

Portanto, deveríamos inverter o estilo habitual de proceder, e passar a prescrever prioritariamente qualidade de vida em vez de remédios.


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