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Escrito por Durval Ribas-Filho*

O milho é considerado o terceiro cereal mais importante do mundo, ao lado do trigo e do arroz, por ser uma rica fonte de nutrientes. Além disso, é matéria-prima para produção de óleos, proteínas, bebidas alcoólicas, adoçantes, espessantes, etanol e vários outros produtos. O consumo do milho é muito presente na Ásia, África e América Latina, sendo parte da culinária típica desses países, podendo ser encontrado como mingau frito ou assado nos países africanos e como tortilhas e pães nos países latinos.

Apesar de a culinária brasileira contar com receitas típicas das festas juninas como cuscuz, canjica e pamonha, além, é claro, da utilização em cremes, mingaus, bolos, pipocas e do milho em conserva, hoje apenas 15% da produção brasileira são utilizados para consumo humano, sendo o restante usado para ração de animais e como matéria-prima para a indústria.

Dados fornecidos pela Associação Brasileira da Indústria do Milho (Abimilho) atestam que o consumo per capita de milho situa-se na casa dos 18 quilos/habitante/ano, quatro vezes menor, por exemplo, do que a média de consumo registrada num país de condições similares às do Brasil, como o México, onde a média atinge os 63 quilos/habitante/ano. Mas acredita-se que o consumo no Brasil tende a crescer, na medida em que os seus valores nutricionais forem melhor compreendidos.

Com as discussões recentes sobre a liberação comercial do milho transgênico no Brasil, também entra em baila a questão sobre se o produto poderia ter seus valores nutricionais modificados. Como médico especializado em nutrologia, acho importante esclarecer que os milhos transgênicos em discussão possuem as mesmas qualidades nutricionais dos equivalentes convencionais, como atesta a própria OMS (Organização Mundial de Saúde), sendo igualmente sadio e saboroso. A diferença entre os dois milhos reside na forma usada para o melhoramento da planta e consequentemente, nas técnicas de plantio de um e de outro. Os sete tipos diferentes de milho transgênicos que estão sendo debatidos pela CTNBio – Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, foram modificados para torná-los resistentes ao ataque de pragas ou a herbicidas.

Seja transgênico ou convencional, o milho é um alimento rico em nutrientes e possui fibras, carboidratos, vitaminas A e do complexo B, proteínas e minerais como o ferro, fósforo, potássio e cálcio. Como fonte de energia, possui açúcares, amidos, lipídios e calorias e tem a cada 100 gramas cerca de 360 kcal, sendo 70% de glicídios, 10% de protídeos e 4,5% de lipídios. A farinha de milho, utilizada em pães, bolos, broas, panquecas etc fornece em 50g, o mesmo valor de proteínas, além disso, atualmente, as farinhas de milho industrializadas no Brasil podem ser enriquecidas com ferro e vitamina B-9 (ácido fólico), com o objetivo de prevenir a incidência de casos de anemia e de mielomeningocele, doença que acomete recém-nascidos.

O milho cumpre ainda o importante papel de ajudar a prevenir doenças crônicos-degenerativas por possuir a substância ß-glucano, que protege contra enfermidades cardiovasculares. Recentemente pesquisadores do Instituto de Biotecnologia da Universidade de Granada da Rede Nacional de Pesquisa do Envelhecimento da Espanha concluíram que o consumo de milho adia o envelhecimento devido ao alto conteúdo de melatonina, substância produzida em pequenas quantidades pelo corpo, com propriedades antioxidantes que retardam a degeneração neuronial. O uso do milho está presente também na indústria farmacêutica, onde é empregado em aproximadamente 85 tipos diferentes de antibióticos.

* É médico, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), e professor de Nutrologia da Faculdade de Medicina da UNIFIPA/SP e de pós-graduação em Nutrologia da ABRAN.

* As opiniões, comentários e abordagens incluidas nos artigos publicados nesta seção são de inteira responsabilidade de seus autores e não expressam, necessariamente, o entendimento do Conselho Federal de Medicina (CFM).


 * Os textos para esta seção devem ser enviados para o e-mail imprensa@portalmedico.org.br, acompanhados de uma foto em pose formal, breve currículo do autor com seus dados de contato. Os artigos devem conter de 3000 a 5000 caracteres com espaço e título com, no máximo, 60.


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