Escrito por José Luiz Gomes do Amaral*
A residência médica é uma consagrada forma de especialização em medicina. Busca, por meio da prática clínica, sob a supervisão qualificada, formar os médicos, habilitando-os ao pleno exercício da profissão.
A ampliação do conhecimento médico nas últimas décadas exige correspondente aumento no conteúdo e extensão dos programas de residência médica, que hoje, em todo mundo, obrigatoriamente ultrapassa quatro anos.
Espera-se que a formação do médico seja integral, sólida a ponto de permitir-lhe desenvolver-se em uma carreira que, não raro, ultrapassa quarenta anos. A residência é complementação obrigatória do curso de formação e, ao completá-la, deve o médico dominar a especialidade escolhida em todos os aspectos.
Trata-se de um erro fundamental tentar reduzir os programas apenas aos aspectos mais prevalentes das doenças que circunstancialmente afligem o país, visto que este quadro é mutável e a carreira é longa. De outra parte, se o fizéssemos, teríamos profissionais de qualidade inferior aos formados em países mais bem sucedidos. Estaríamos, portanto, caminhando na direção contrária ao progresso que desejamos.
O Ministério da Educação e as Sociedades de Especialidade poderiam melhor contribuir para a formação dos médicos, se o Ministério da Saúde se ocupasse em criar condições para distribuir os médicos no Brasil facilitando sua atuação. Vemos com apreensão propostas reducionistas e manifestações de conceitos ultrapassados. Não há lugar para médicos “pés descalços” no mundo globalizado.
* É presidente da Associação Médica Brasileira.
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