Escrito pelo oftalmologista Jair Ribeiro da Silva


Sua santidade, o Papa Bento XVI, afirma em seu livro que a teoria da Origem e Evolução das Espécies, de Charles Robert Darwin, não pode ser provada no todo e que a forma com que a vida se desenvolveu indica uma “razão divina”.

O religioso, quando olha o céu e vê a lua cheia com aquela luz prateada em forma de disco flutuante no espaço, sente uma sensação sublime, inexplicável, superior, poderosa, fantástica, espargindo claridade sobre a face da terra. É o luar que embevece!

Do outro lado, a teoria de Darwin é uma síntese de um vasto campo de conhecimento alicerçado por hipóteses testadas e comprovadas por leis e fatos científicos, evidências e experimentos.

Sem a teoria de origem e evolução da espécie, a biologia, a medicina e a biotecnologia continuariam imersas na escuridão da Idade Média.

As superbactérias resistentes, a epidemia de obesidade mórbida e ainda as células tronco com potencial de assumir a função de qualquer tecido do organismo, com a possibilidade de regenerar tecidos e órgãos doentes, têm sua natureza esclarecida pelo darwinismo. Os organismos estão em lento e constante processo de mutação, cada grupo descende de um ancestral comum. Animais, plantas e microorganismos têm origem em uma única vida na Terra – a ameba primitiva, segundo Darwin, sendo que as espécies se diferenciam e criam novas espécies influenciadas pelo ambiente em que vivem. As mutações genéticas podem passar a seus descendentes.

 O darwinismo explica por que sentimos arrepios, dores, temos apendicite, temos dente de siso, temos cóccis (pequeno osso no final da coluna), por que roncamos, soluçamos, engasgamos. Darwin mostra que o ser humano e os macacos divergiram de um mesmo ancestral. Separados, o homem tem o seu ancestral de 4 milhões de anos e os macacos, por sua vez, têm o seu ancestral de 4 milhões de anos. São ancestrais deferentes. O homem não descende do macaco.

 Todos os seres vivos, do homem, da planta, do bacilo celular, têm sua evolução traçada desde o começo da vida sobre a terra, havendo sobrevivência das espécies mais adaptadas ao ambiente; e a cooperação entre os indivíduos é essencial para o sucesso da espécie; e a seleção natural favorece tanto os promíscuos quanto os que formam família para garantir a sobrevivência dos filhos.

 Os homens, os orangotangos, os abacateiros e as formigas são os organismos vivos mais evoluídos, biologicamente. O ser humano não vive sem as vacinas, os tratamentos e as técnicas científicas.

 Pois bem, de um lado está o papa. Do outro lado está Darwin. E no meio, aparece o biólogo americano Francis Collins, um dos responsáveis pelo mapeamento do DNA humano, que diz: “Se Deus escolheu o mecanismo da origem e evolução de Darwin para criar a diversidade da vida sobre o planeta, é porque assim foi feito. Usar as ferramentas da ciência para discutir religião é uma atitude imprópria e equivocada. A Bíblia não é um livro científico. É um livro religioso”.

 Não há por que confrontar religião com ciência em sala de aula. E quando a Bíblia e o Gênesis são ensinados em aula de religião, estão em local apropriado. Quando a ciência é ensinada em aulas laicas está, por sua vez, no lugar certo. A igreja incute nos fiéis valores do mundo espiritual. A ciência perscruta os mistérios do mundo físico. E não se eliminam, necessariamente.

 Enquanto o religioso, o poeta e o seresteiro olham a misteriosa lua cheia e ficam extasiados; o cientista, friamente, detém-se nas fases da lua, em giro em volta da Terra, sua influência sobre as mares, o sistema solar heliocêntrico, as órbitas elípticas e a próxima viagem do homem à lua.

 Alguns religiosos ensinam que os fósseis de animais em geral e dos dinossauros em particular seriam restos que não puderam embarcar na Arca de Noé e que morreram durante o dilúvio bíblico, há 2.400 a.c., enquanto que os cientistas datam os fósseis de 65 milhões de anos.

 O homem e a mulher modernos conciliam ciência e religião. Aos domingos, das 8 às 9, diante do aparelho de TV de 29 polegadas e controle remoto (produtos da eletrônica científica), participam à distância, da missa da majestosa Basílica de Nossa Senhora Aparecida, ouvindo, vendo e rezando influenciados pelos Dez Mandamentos da Lei de Deus e se deslumbrando com o exemplo de profissão de fé da imensa multidão, frutos da religião.

 A ciência no cérebro e Deus no coração se completam, felizmente.

 

 

 


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