Escrito por Marcus Vinícius Bolívar Malachias, médico cardiologista e presidente do Departamento de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC/DHA ).
“Eu sou 12 por 8”. Esse é o tema da campanha humanitária de prevenção, diagnóstico, tratamento e controle da hipertensão desenvolvida pelo Departamento de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia, com o apoio de diversas entidades. Falar de saúde em vez da doença é a tendência atual. Assim, a estratégia é difundir os benefícios de uma pressão arterial em níveis normais. A campanha visa superar os baixos índices atuais de adesão ao tratamento da hipertensão no país, inferiores a 10% da população afetada. Mais que diagnosticar e indicar o tratamento, que quase sempre não é seguido, médicos e profissionais de saúde se unem a representantes da sociedade civil, de todos os setores, em uma ação de grande impacto social, para a busca de soluções para o problema.
Muitos embaixadores (personalidades) “Eu sou 12 por 8” têm se sensibilizado com a causa, emprestando seu carisma e seu prestígio, para alertar a população sobre os benefícios do controle da hipertensão. A difusão da mensagem “Eu sou 12 por 8”, será feita por veículos tradicionais (TV, rádio, mídia impressa etc) mas também por meio de novas mídias, como o site www.eusou12por8.com.br.
As doenças cardiovasculares (DCV) causaram no país em 2008, segundo o IBGE, 30% dos óbitos (310 mil), contra 15% devidos ao câncer e 12,4% por causas externas. A hipertensão afeta mais de 30 milhões de brasileiros, e é o mais importante fator de risco para o desenvolvimento das DCV, com destaque para o acidente vascular cerebral (AVC) e o infarto do miocárdio, as 2 maiores causas isoladas de mortes no país. Mas a percepção da população é outra. Dados da pesquisa Datafolha, de novembro de 2009, revelam a percepção errônea, na população, de que o câncer é a principal causa de óbitos no país. Quanto à prevenção de doenças, a mesma pesquisa revela que, embora 90% identifiquem os fatores de risco (hipertensão, tabagismo, colesterol e estresse), apenas 3% temem sofrer uma DVC. Milhões de pessoas vestiram máscaras temendo a influenza, mas pouco aferem regularmente a sua pressão arterial.
Dados do Boletim Global de Doenças Relacionadas à Hipertensão, Lancet 2008, revelam que a cada ano morrem 7,6 milhões de pessoas em todo o mundo devido à hipertensão. Cerca de 80% dessas mortes ocorrem em países em desenvolvimento, como o Brasil, sendo que mais da metade das vítimas têm entre 45 e 69 anos. A hipertensão arterial é responsável, segundo o documento, por 54% de todos os casos de AVC e 47% dos casos de infarto, fatais e não fatais, em todo o mundo. Nessa década que se finda, a hipertensão fez mais de 70 milhões de vítimas fatais.
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) demonstram uma redução de 20% nas mortes por DCV (149,4/1.000 em 2008, contra 187,9/1.000 em 1996). Isso ocorreu, principalmente devido à redução expressiva do tabagismo no país (de 31%, em 1989, para 16,1%, em 2008). Imaginem o que aconteceria se controlássemos a hipertensão? A atual expectativa de vida no Brasil, é de 72,86 anos (76,71 para mulheres e 69,11 para homens), muito aquém dos 81 anos de países como Japão, Suíça, França, Itália e Austrália. A seguir o atual ritmo, o Brasil alcançará essa cifra apenas em 2050! Um hipertenso, sem tratamento efetivo, segundo a OMS, tem a expectativa de vida reduzida em até 16,5 anos.
Muitas são as causas da baixa adesão ao tratamento da hipertensão. Só a educação em saúde e efetivas ações continuadas poderão, a exemplo das vitórias contra o tabagismo, reduzir as tristes cifras das consequências da hipertensão em nosso meio. É hora de todos nos unirmos em prol de um objetivo comum para que daqui para frente todos possam dizer “Eu sou 12 por 8”!
www.eusou12por8.com.br e canais sociais (Twitter, Facebook, Orkut, entre outros). Materiais da Campanha estarão nos consultórios, nas drogarias, nas publicações, nos corações e mentes, em todos os lugares. “Eu sou 12 por 8”, diferentemente das campanhas sazonais, será contínua.
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