Escrito por Leonardo Gadelha de Oliveira*

A criação de mais um curso de Medicina no estado, na cidade de Cajazeiras mais precisamente, tem que ser vista com cautela. Há que se pensar quais os reais objetivos que estão por trás dessa empreitada. À princípio, existe a intenção de ser uma atitude politicamente correta de fazer a Universidade chegar mais próximo das necessidades de uma sociedade, tornando mais “fácil” o acesso à mesma. Fazer crescer instituições, sobretudo Universidades Públicas, não é uma decisão que se tome apenas burocraticamente motivada por “boas intenções”. Existe a necessidade política dos governantes e esse sempre é o maior mal. Os dividendos políticos são enormes. Aguardemos as próximas eleições. Mas o fato que se questiona é o seguinte: haverá realmente necessidade de um Curso de Medicina em Cajazeiras? É justo criar um curso tão importante quando no momento o atual curso da FMCG é criticado pelos próprios acadêmicos que alegam a falta de estrutura e o seu sucateamento? Em que medida a criação de um curso de Medicina em Cajazeiras trará desenvolvimento para o sofrido povo sertanejo? Acaso haverá melhoria na qualidade de vida do mesmo? A atual situação da Saúde pública no país é decorrente da insuficiência de médicos?

A Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza como parâmetro ideal de atenção à saúde da população, a relação de 1 médico para cada 1.000 habitantes. No Brasil, a relação média observada de 1/622 habitantes está muito abaixo deste parâmetro devido à grande concentração de médicos ativos verificada nas regiões Sudeste (1/455 hab.), Sul (1/615 hab.) e Centro-Oeste (1/640 hab.). Somente as regiões Nordeste e Norte estão próximas deste parâmetro, apresentando relação média de 1/1.063 e de 1/1.345 habitantes, respectivamente, segundo o Conselho Federal de Medicina. Se existem municípios com carência de médicos não é por falta dos mesmos, mas de bons salários. Portanto o caminho deve ser o inverso. Não é com a criação de novos cursos de Medicina que a saúde do nosso povo irá melhorar, mas com ações de políticas de saúde honestas e realmente bem intencionadas que visem fixar o médico no local onde realmente ele é necessário pagando-lhe bom salário para que tenha condições dignas de sobreviver como o faz o Judiciário. É através de parcerias ou consórcios entre prefeituras, estado e governo federal que a situação econômica de uma região pode se modificar. A criação de áreas de excelência em medicina voltada a saúde publica, não requer exames sofisticados, aparelhos de ultima geração. Requer os implementos básicos para a condução de uma boa medicina, principalmente resolutividade e o profissional trabalhando com dignidade. E para isso é necessário fixar o médico naquela região pagando-lhe o real valor pelo seu trabalho e as instituições comprometidas dando-lhe as condições ideais para sua atuação eficiente. A partir do momento em que os resultados aparecerem, ou seja, os doentes tenham suas patologias tratadas e resolvidas o mais próximo do seu lar sem a necessidade de locomoção para a capital, aquela região poderá se tornar pólo de desenvolvimento com afixação de outros profissionais agregados à medicina, a exemplo de fisioterapeutas, odontólogos e tantos mais. Não questiono, aqui, a qualidade do ensino embora pense que dificilmente tais escolas médicas terão condições de oferecer em curto espaço de tempo um ensino à altura do que será necessário. E isso vale para qualquer instituição, pública ou privada. Acredito mesmo que não antes de uma década. Claro que uma decisão política é fundamental, e em todos os níveis. A sociedade paraibana vai pagar um preço muito alto e também precisa ser mobilizada. Os mais abastados, inclusive os políticos, seguramente terão condições de deslocamento para o estado de São Paulo em busca de melhores recursos de diagnóstico e tratamento. O que querem, afinal, os políticos? Quem está disposto a pagar essa conta?

* É médico pneumologista.


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