Carlos Vital Tavares Corrêa Lima*
Eleito com 55% dos votos válidos, Jair Bolsonaro (PSL) assume a Presidência da República, neste mês de janeiro, com a missão de atender, entre outros pontos, quatro grandes expectativas de seus eleitores: mais segurança pública, mais emprego, combate à corrupção e ordem. Esses são os pilares sobre os quais o então candidato construiu sua campanha.
Logo após a eleição, Jair Bolsonaro anunciou os nomes de seus ministros e, com o apoio da equipe de transição, esboçou as primeiras medidas a serem tomadas pela sua futura gestão. Antes mesmo delas serem implementadas, as primeiras sondagens junto à população, divulgadas no fim de novembro, demonstraram que os anúncios feitos têm despertado otimismo e expectativas positivas entre os brasileiros.
Pesquisa realizada pelo Ibope, a pedido da Confederação Nacional da Indústria (CNI), indica que 75% da população entende que Jair Bolsonaro e sua equipe estão “no caminho certo”. Os números mostram ainda que cerca de dois terços dos brasileiros (64%) têm a expectativa de que o próximo governo será “ótimo” ou “bom”. Para outros 18%, seu desempenho será regular, 14% acreditam que será “ruim” ou “péssimo”, e 4% não responderam.
Na avaliação dos analistas, esse fenômeno é comum na delicada relação que se estabelece entre os eleitos e os eleitores. O candidato que vence um pleito costuma receber um “voto de confiança” no início de seu governo, mesmo daqueles que preferiam outros nomes. Será ao longo do mandato que a população consolidará seu veredicto, definindo sua posição de apoio ou crítica.
Certamente, a manutenção dessa percepção positiva resultará de ações que serão tomadas a partir de 2019. Dentre elas, são aguardadas aquelas voltadas à solução da crise enfrentada pela área da saúde no País ao longo dos últimos anos. Após entrevistar 2 mil pessoas em 127 municípios, a pesquisa do Ibope revela que esse é o tema que mais preocupa a população.
Na opinião de 46% dos brasileiros, a saúde é o principal problema a ser enfrentado pelo novo governo. Na sequência, vêm o desemprego (45%), a corrupção (40%) e a segurança pública (38%).
Essa percepção, que dialoga com levantamentos semelhantes realizados em diferentes fases das últimas gestões presidenciais, ressalta a prioridade que o brasileiro atribui à saúde e seu entendimento de que é preciso encontrar, de modo urgente, respostas efetivas para questões como o déficit no total de leitos para internação; a dificuldade de acesso a exames, consultas e cirurgias; e a demora no tempo de atendimento, de longe a principal queixa do paciente usuário do Sistema Único de Saúde (SUS).
A escolha do deputado Luiz Henrique Mandetta para o Ministério da Saúde pode ser entendida como sinal de que um novo tempo está prestes a começar nessa área. Ela manifesta a preocupação do governo de Jair Bolsonaro de ter à frente da Pasta, com um orçamento previsto de R$ 128 bilhões no próximo ano, um nome com conhecimento técnico sobre os diferentes fatores relacionados à assistência e com experiência política para fazer as articulações necessárias para atender os interesses dos envolvidos nesse processo.
As entidades médicas, como têm feito historicamente, estão dispostas a colaborar, com independência e autonomia, com o aperfeiçoamento da saúde no País. Sem amarras partidárias ou ideológicas, poderão oferecer subsídios para que programas, projetos e políticas de saúde sejam criados tendo como objetivos a valorização do ético e competente exercício da medicina e a defesa dos direitos humanos e dos cidadãos. Esse é compromisso dos médicos com a Nação.
* É presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM).
Palavra do Presidente publicada na edição nº 265 do jornal Medicina. Acesse aqui a publicação.