Escrito por Aguiar Farina*


Muito se tem falado a respeito da melhor via de parto para a mulher. As evidências de estudos científicos adequadamente realizados demonstram que o melhor tanto para a mulher como para a criança é o parto normal.

No Brasil a ocorrência de parto casariano é em torno de 36%, muito acima do preconizado pela Organização Mundial de Saúde, que é em torno de 10%.

Essa alta taxa tem preocupado o Ministério da Saúde. Algumas campanhas foram elaboradas para promover o parto normal, alegando que essa via de parto é mais segura para nossas mulheres.

As campanhas até o momento realizadas podem ter contribuído para conseguir esse intento, mas acredito que foram falhas em não atacar os principais fatores que contribuem para que a sociedade e os médicos caminhem nesse sentido.

Para conseguirmos mudar o cenário atual é necessário agirmos em cada um dos fatores sociopolítico-cultural que interferem na escolha da via de parto.

A nossa cultura condena o parto normal e digo isso porque sempre escuto algumas frases de pacientes e familiares que me levam a perceber dessa maneira. Cito algumas: “a dor do parto é a pior que existe”, “como pode um bebê de 3 quilos passar pela vagina”, “doutor, eu não vou aguentar um parto normal”. Muitas vezes ouvi de mães que traziam suas filhas em trabalho de parto e na porta do centro obstétrico me pediam para que fizesse cesárea nas suas filhas para evitar que elas sofressem, outras até me ameaçaram quando lhes disse que suas filhas tinham condição de ter parto normal e chegaram me acusar de insensível diante da dor das parturientes. Outros, ao deixar a paciente em trabalho de parto na maternidade, diziam às parturientes “que Nossa Senhora do Bom Parto te proteja nessa hora difícil”.

Na minha percepção, a maioria das pessoas teme o parto normal e o associa a dor e sofrimento. As ações para amenizar esse temor a ajudar a diminuir o índice de cesárea devam atingir as pessoas desde o início do processo de reprodução. A gravidez deve ser planejada e a paciente, preferentemente acompanhada pelo companheiro, deve ser assistida adequadamente.

O modelo de acompanhamento pré-natal, na grande maioria dos estabelecimentos públicos de saúde, é precário, principalmente nos aspectos informação, envolvimento e interação com a gestante. Este é um momento muito especial e merece atenção maior do que a que vem sendo dispensada.

Enquanto em muitos outros países passar por todo o processo do parto sem intervenção cirúrgica é motivo de orgulho, para muitas mães, infelizmente, no Brasil, parto natural é significado de sofrimento e o número de cesarianas é alto. Criada para ser usada apenas em casos especiais, principalmente quando a vida da mãe ou do bebê estiverem em risco, a cesárea passou a ser escolhida por mulheres que clinicamente teriam todas as condições de ter um parto normal.

E mudar essa visão requer investimentos em campanhas de conscientização, tanto para as mulheres como para os médicos, e na assistência humanizada por completo. A escolha do tipo de parto também faz parte desse processo e deve ser tomada pela mulher, junto com seu médico, levando em consideração todo seu histórico familiar, seu desempenho durante a gestação e sua opinião. O fundamental é fazer o que for melhor para a paciente.


*Aguiar Farina é integrante do Conselho Regional de Medicina do Estado do Mato Grosso e presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia – regional MT.

 

* As opiniões, comentários e abordagens incluidas nos artigos publicados nesta seção são de inteira responsabilidade de seus autores e não expressam, necessariamente, o entendimento do Conselho Federal de Medicina (CFM).


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