Escrito por José Hiran da Silva Gallo 

Caros conterrâneos, diletos amigos, preclaros governantes e demais igualmente ilustres administradores dos interesses públicos no Estado de Rondônia. Na condição de membro do Órgão Supervisor da Ética Médica na República, motivado por deveres e direitos de cidadania e, pelos compromissos assumidos no exercício da medicina, profissão humanística e humanitária, torna-se necessário tecer considerações sobre o novo modelo da formação de médicos especialistas, proposto pelo Governador do Estado.

Os esforços envidados para prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde, são merecedores dos melhores elogios, enquanto orientados por princípios éticos e morais. Nessa linha de conduta, o Governador continuará depositário do nosso crédito e das nossas esperanças.

Portanto, nas considerações que passo a fazer, não há emissão de juízo do mérito das suas intenções, mas, de críticas destinadas à contribuição para consecução dos objetivos de serviços assistenciais de saúde condignos ao nosso povo. Tal assertiva tem lastro filosófico no aforismo hipocrático: “a vida é breve, a arte longa, a ocasião fugaz, a experiência insegura e, o juízo difícil”.

Não obstante, o modelo proposto pelo Governador, para formação de médicos especialistas ou pós-graduados como especialistas (?), em cursos ministrados em exíguo período de tempo, um ano de duração, obedece a lógica da lei da oferta e procura, típica do trato mercantil, ou seja, especialista em quantidade, formação sem zelo pela qualidade do ensino ou aprendizado do seu mister, na premissa de que para quem não tem nada, qualquer coisa serve. Isso é muito comum no Brasil.

 Entretanto, a boa formação de médicos especialistas, de acordo com o reconhecimento de experiências internacionais e com as determinações do MEC/AMB/CFM, exige vários anos de preparação e vivências.

 A proposta do Governador é paradoxal às preocupações e ações dirigidas a manutenção da saúde e da vida do ser humano, com base em princípios imutáveis, nomeadamente, de igualdade, solidariedade e prudência. Não há de se admitir uma medicina pobre para os pobres ou mais carentes, a imensa maioria da população.

 Quando se trata da formação de recursos humanos para o labor em área essencial e de complexo caráter técnico-científico, os caminhos recomendáveis, condizentes com discursos e promessas de campanha eleitoral, de investimentos adequados e de prioridade à saúde pública, não podem ser percorridos em curto prazo, por meio de transportes miraculosos, condutores de mais desrespeitos e sofrimentos ao nosso povo.

 Na área de saúde, as soluções desejadas devem estar embasadas em honestidade, parcimônia, seriedade e responsabilidade social. Para a disponibilidade de médicos especializados em número suficiente à demanda assistencial, há de se ter um plano de carreira, salários justos e condições de trabalho compatíveis com a prática médica contemporânea, comprometida com ciência e dignidade.

Investindo-se nisso, anestesistas, neurocirurgiões, ortopedistas e, os mais diversos especialistas médicos requisitados, viriam, do Rio de Janeiro, de São Paulo e dos outros estados da Federação, exercer suas atividades profissionais em Rondônia. Protesto por vontade política determinante de critérios éticos e morais imprescindíveis à dignidade humana nos serviços de assistência à saúde da população do Estado.

Enquanto isso não ocorrer, desprovido de políticas partidárias de causas menores, estou decidido e pronto, não para confrontos ou brigas, mas, para uma postura inarredável, de críticas, reflexões e atitudes na defesa das mais legitimas prerrogativas dos médicos e do nosso povo.

Hiran Gallo é diretor-Tesoureiro do Conselho Federal de Medicina (CFM) e conselheiro do Conselho Regional de Medicina do Estado de Rondônia (Cremero). 


* As opiniões, comentários e abordagens incluidas nos artigos publicados nesta seção são de inteira responsabilidade de seus autores e não expressam, necessariamente, o entendimento do Conselho Federal de Medicina (CFM).


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